segunda-feira, 21 de setembro de 2015

A serpente entre os livros


Eu estendi minhas mãos para alcançá-los 
Os livros na minha estante 
Sem saber qual deles me conduziria 
Para a viagem que queria fazer 
Naquele momento. 
Senti o veneno percorrer minhas veias 
O coração acelerar 
Senti falta de ar 
E vontade pular do mais alto penhasco 
Aniquilar de minha memória qualquer lembrança. 
Tudo é vaidade e correr atrás do vento 
Não há esperança na luta 
Contra a ignorância dessa gente. 
Havia uma serpente entre os livros 
E fui seduzido por ela 
Ferido mortalmente 
Pela ilusão das muitas letras 
Que me fizeram delirar. 
Não havia antídoto 
Não havia salvação 
Os livros dançavam diante de meus olhos 
E senti o chão se afastar de meus pés. 
Deixei-me cair sobre a mesa 
Recostei a cabeça nas folhas 
Algumas ainda em branco 
E adormeci. 
O veneno parecia fazer efeito 
E a morte, lentamente, se aproximava. 
Meus olhos turvos não viram 
Quando ela abriu a janela. 
Um vento suave espalhou as folhas de papel pelo chão 
Tocou o meu rosto 
E levou consigo a minha ilusão 
E eu ainda estou vivo. 

Poema: Odair José, o Poeta Cacerense

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