terça-feira, 10 de novembro de 2015

A dúvida


Vinham de longe os dois. Em dúvidas, ainda,
José, mais uma vez, contempla a virgem casta,
E tenta compreender que ela, tão pura e linda,
Em breve será mãe. Tenta, hesita e se afasta,

Mas volta perturbado. A dúvida não finda.
Se há o mistério sutil, há a ideia nefasta.
E, sob o pálio azul da sua crença infinda,
Qual réptil viscoso a dúvida se arrasta...

Eis que, afinal, estão os dois na estrebaria,
Entre animais... José, finalmente, agasalha
A criança que lhe diz, pelos olhos: "confia!

Confia! Crê em mim! Um hino aos céus entoa,
Pois o filho que tens neste berço de palha
É o Deus que te redime e o Pai que te perdoa!"

Poema: Tobias Pinheiro

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