sexta-feira, 2 de março de 2018

Um corpo que cai


Vai dizer que é assim 
E se conforma com tão pouco 
O mundo está um caos 
E lágrimas são combustíveis 
Para acender o fogo da discórdia. 
Não posso falar o que penso 
Sem correr o risco de ter a minha língua decepada 
Pela intolerância. 
A solidão é minha amiga 
A violência jaz a porta 
E suas garras arranham querendo romper 
As correntes que a detém. 
Não posso dizer 
Que estou satisfeito 
Com a desolação do mundo contemporâneo. 
O que fazer? 
Não posso gritar sem ser massacrado 
Sem ser impedido. 
Caras tristes me desafiam 
E aterrorizam-me 
Na intenção de sufocar a minha voz. 
A estrela não brilha mais 
E as nuvens são carregadas de desaforos 
A crueldade é voraz. 
Abra os seus olhos e veja 
Mais um corpo que cai ao seu lado. 
Façamos alguma coisa 
Para amenizar o caos instalado 
E não sufoque o meu grito de alerta. 

Poema: Odair José, o Poeta Cacerense

Um comentário:

  1. O grito avança a velocidade do som, porem os que deveriam ouvir para socorrer, correm a velocidade da luz. Belo texto meu nobre.

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