O abismo que mais nos engole
Não está sob os pés,
Mas nos olhos,
quando já não reconhecem
O que ali habita.
Há monstros que não rugem,
Apenas sussurram.
E nos convencem, dia após dia,
De que são parte de nós.
A floresta queima por fora,
Mas o fósforo aceso
Foi um pensamento
Que ninguém viu nascer.
Não tema a noite,
Nem o trovão,
Nem a fera no mato.
Tema o silêncio das suas próprias intenções
Quando ninguém está olhando.
O verdadeiro perigo
Não vem com presas,
Mas com promessas.
E veste o rosto
Que vemos no espelho.
Dentro de mim mora uma sombra
Que aprendeu a sorrir.
E quanto mais a ignoro,
Mais ela cresce em silêncio.
Às vezes, somos a tempestade
Que juramos enfrentar.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense
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