terça-feira, 13 de maio de 2025

O perigo em nós

O abismo que mais nos engole 
Não está sob os pés, 
Mas nos olhos, quando já não reconhecem 
O que ali habita. 
 
Há monstros que não rugem, 
Apenas sussurram. 
E nos convencem, dia após dia, 
De que são parte de nós. 
 
A floresta queima por fora, 
Mas o fósforo aceso 
Foi um pensamento 
Que ninguém viu nascer. 
 
Não tema a noite, 
Nem o trovão, 
Nem a fera no mato. 
Tema o silêncio das suas próprias intenções 
Quando ninguém está olhando. 
 
O verdadeiro perigo 
Não vem com presas, 
Mas com promessas. 
E veste o rosto 
Que vemos no espelho. 
 
Dentro de mim mora uma sombra 
Que aprendeu a sorrir. 
E quanto mais a ignoro, 
Mais ela cresce em silêncio. 
 
Às vezes, somos a tempestade 
Que juramos enfrentar. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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