A espera tem o gosto do que nunca veio,
Mas insiste em bater na porta do peito
Com os dedos ansiosos da esperança.
É um silêncio povoado de suspiros,
Onde o coração se senta à beira do tempo
E reza por alguém que ainda não tem nome.
Mas o medo…
Ah, o medo costura feridas antigas
Com linhas invisíveis,
Fazendo do amor um campo minado
Onde cada passo treme.
Desejo e temor dormem na mesma cama.
O primeiro sonha com olhos que brilham,
O segundo acorda suando
Ao lembrar do que já sangrou.
Quem ama de novo é um sobrevivente.
Carrega nos lábios um beijo cauteloso
E no peito um escudo invisível
Feito de promessas quebradas.
Esperar é escrever cartas para o vento.
Amar outra vez…
É deixar que o vento responda
Com a voz de alguém
Que talvez também tema,
Mas venha.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense
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