quinta-feira, 29 de maio de 2025

Quem ama de novo

A espera tem o gosto do que nunca veio, 
Mas insiste em bater na porta do peito 
Com os dedos ansiosos da esperança. 
É um silêncio povoado de suspiros, 
Onde o coração se senta à beira do tempo 
E reza por alguém que ainda não tem nome. 
 
Mas o medo… 
Ah, o medo costura feridas antigas 
Com linhas invisíveis, 
Fazendo do amor um campo minado 
Onde cada passo treme. 
 
Desejo e temor dormem na mesma cama. 
O primeiro sonha com olhos que brilham, 
O segundo acorda suando 
Ao lembrar do que já sangrou. 
 
Quem ama de novo é um sobrevivente. 
Carrega nos lábios um beijo cauteloso 
E no peito um escudo invisível 
Feito de promessas quebradas. 
 
Esperar é escrever cartas para o vento. 
Amar outra vez… 
É deixar que o vento responda 
Com a voz de alguém 
Que talvez também tema, 
Mas venha. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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