domingo, 25 de maio de 2025

Uma geração que não pensa

 Mesmo o homem que afunda no silêncio 
Carrega o eco do mundo nos ossos. 
Pois o barro de que foi feito não é só seu, 
Mas também da lama 
Pisada por tantos outros pés. 
 
A indiferença dos outros 
É uma doença 
Que se alastra pela alma do tempo. 
E se ele — o triste — não vigia, 
Torna-se espelho daquilo que odeia. 
 
Uma geração que não pensa 
Cava buracos onde o futuro tropeça. 
E o homem triste, mesmo cansado, 
Sabe que o chão também é seu. 
 
Ele se importa porque, 
No fundo, ainda sangra verdade. 
A tristeza é o preço 
De quem não se cegou por completo. 
 
A mácula do mundo não é uma mancha na pele, 
Mas um incêndio nas entranhas. 
E até quem desistiu de correr 
Sente o calor do fogo. 
 
Porque a beleza ainda sussurra, 
Mesmo quando o grito é surdo. 
E o homem triste, ferido de lucidez,
Não pode ignorar 
O que fere tudo que é sagrado. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense 
 

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