sábado, 7 de junho de 2025

De olhos bem fechados

 Dormem de olhos abertos, mas não veem. 
O mundo queima em silêncio e eles caminham 
Como quem atravessa um campo em flor, 
Sem saber que pisa ossos. 
 
Há os que fecham os olhos não por medo, 
Mas por cansaço. 
Cegaram-se de tanto ver, 
E agora vivem de costas para o horizonte, 
Cultivando sombras em vez de jardins. 
 
Fecharam os olhos ao real 
E pintaram janelas no escuro. 
Chamam isso de paz, 
Mas é apenas um pacto com a ilusão. 
 
Alguns não veem o mundo 
Porque o mundo os feriu primeiro. 
Cobriram os olhos com véus de indiferença, 
E chamaram isso de sobrevivência. 
 
Olhos fechados, ouvidos mudos, 
Almas adormecidas em plena luz. 
São como estátuas à beira do abismo: 
Belas, imóveis, prestes a cair. 
 
 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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