quarta-feira, 8 de outubro de 2025

O inferno começa no olhar

 O inferno não arde em chamas, 
Arde em vontades não domadas. 
Nasce quando o querer se torna rei, 
E o coração se curva ao espelho. 
 
Toda perdição começa suave, 
Com o toque de um sonho proibido. 
O desejo é a fagulha
O resto, o próprio homem sopra. 
 
Não há demônios nas profundezas, 
Há apenas ecos do que se quis demais. 
Cada inferno tem o rosto 
De quem não soube dizer “basta”. 
 
O inferno é íntimo, discreto, 
Não precisa de enxofre nem gritos. 
Basta um desejo que cresce 
Até sufocar o que restava de luz. 
 
O desejo é uma flor noturna: 
Bela, mas envenenada. 
Quem a respira com avidez 
Descobre o inferno dentro do peito. 
 
Não é o fogo que castiga, 
É o apetite sem medida. 
E quanto mais se tem, 
Mais fundo se cava o abismo. 
 
O inferno começa no olhar, 
Quando o desejo esquece o limite 
E transforma o amor em posse, 
A alma em labareda. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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