Se veste de escuridão.
Às vezes, usa gravata,
Pede licença,
Fala com calma
E sorri como se fizesse sentido.
Nem toda loucura arranha as paredes.
Algumas sentam à mesa,
Dão bom-dia,
E escondem o caos
Num gesto de educação.
Há delírios que sabem esperar,
Que caminham em linha reta
Só para parecerem normais,
Mas por dentro,
Desenham espirais com o pensamento.
O absurdo nem sempre berra.
Às vezes, ele sussurra,
Fica ali no canto do olho,
No silêncio de uma decisão
Que ninguém ousa questionar.
E então, um dia,
a máscara cai,
O tempo se dobra,
e percebemos:
A loucura não chegou agora.
Ela sempre esteve aqui.
Só que parecia sensata demais
Para ser notada.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense
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