quarta-feira, 4 de junho de 2025

Nem tudo é loucura

 Nem tudo o que é insano 
Se veste de escuridão. 
Às vezes, usa gravata, 
Pede licença, 
Fala com calma 
E sorri como se fizesse sentido. 
 
Nem toda loucura arranha as paredes. 
Algumas sentam à mesa, 
Dão bom-dia, 
E escondem o caos 
Num gesto de educação. 
 
Há delírios que sabem esperar, 
Que caminham em linha reta 
Só para parecerem normais,
Mas por dentro, 
Desenham espirais com o pensamento. 
 
O absurdo nem sempre berra. 
Às vezes, ele sussurra, 
Fica ali no canto do olho, 
No silêncio de uma decisão 
Que ninguém ousa questionar. 
 
E então, um dia, a máscara cai, 
O tempo se dobra, e percebemos: 
A loucura não chegou agora. 
Ela sempre esteve aqui. 
Só que parecia sensata demais 
Para ser notada. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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