segunda-feira, 6 de outubro de 2025

Manifesto à Princesinha do Rio Paraguai

Cáceres, és mais do que um ponto no mapa — és um estado de alma. 
Tua história repousa nas calçadas de pedra, nas esquinas onde o tempo ainda se senta para conversar. 
Quem vive aqui sabe: há um silêncio que fala, há um rio que ensina, há um céu que sempre se abre como um livro antigo. 
 
Tu és feita de memória e ternura. 
Em tuas casas de janelas azuis, ainda moram as vozes de quem sonhou primeiro — tropeiros, poetas, pescadores, professoras que ensinaram mais que letras. 
Cada parede descascada é uma lembrança viva, cada sombra de árvore é uma promessa de abrigo. 
 
Viver em Cáceres é aprender a olhar o tempo nos olhos. 
É entender que as águas do Paraguai não passam: elas retornam, se renovam, sussurram. 
Elas carregam histórias, orações, segredos que o vento traduz. 
Aqui, o pôr do sol é um espetáculo gratuito e sagrado — uma missa de cores celebrada no altar do horizonte. 
 
Teus filhos te amam com a calma dos que não têm pressa de partir. 
Porque há prazer em permanecer. 
Em caminhar pela praça, cumprimentar rostos conhecidos, sentir o cheiro do pão de cada manhã. 
Há uma poesia que brota das tuas varandas, uma melodia que mistura riso e lembrança. 
 
Cáceres, tu és o ponto onde a história repousa para respirar. 
És cidade e refúgio, memória e futuro. 
Quem te conhece não te esquece, quem te deixa leva contigo um pedaço do peito. 
 
E por isso este manifesto não é de exaltação, mas de gratidão. 
Por seres abrigo de tantas vidas e sonhos. 
Por fazer do simples um motivo de encanto. 
Por lembrar-nos, todos os dias, que viver aqui é um ato de amor. 
 
Cáceres — cidade das águas e da alma. 
Tu és o espelho onde o tempo se contempla e sorri. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense 
Homenagem aos 247 anos de Cáceres, MT

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