Tua história repousa nas calçadas de pedra, nas esquinas onde o tempo ainda se senta para conversar.
Quem vive aqui sabe: há um silêncio que fala, há um rio que ensina, há um céu que sempre se abre como um livro antigo.
Tu és feita de memória e ternura.
Em tuas casas de janelas azuis, ainda moram as vozes de quem sonhou primeiro — tropeiros, poetas, pescadores, professoras que ensinaram mais que letras.
Cada parede descascada é uma lembrança viva, cada sombra de árvore é uma promessa de abrigo.
Viver em Cáceres é aprender a olhar o tempo nos olhos.
É entender que as águas do Paraguai não passam: elas retornam, se renovam, sussurram.
Elas carregam histórias, orações, segredos que o vento traduz.
Aqui, o pôr do sol é um espetáculo gratuito e sagrado — uma missa de cores celebrada no altar do horizonte.
Teus filhos te amam com a calma dos que não têm pressa de partir.
Porque há prazer em permanecer.
Em caminhar pela praça, cumprimentar rostos conhecidos, sentir o cheiro do pão de cada manhã.
Há uma poesia que brota das tuas varandas, uma melodia que mistura riso e lembrança.
Cáceres, tu és o ponto onde a história repousa para respirar.
És cidade e refúgio, memória e futuro.
Quem te conhece não te esquece, quem te deixa leva contigo um pedaço do peito.
E por isso este manifesto não é de exaltação, mas de gratidão.
Por seres abrigo de tantas vidas e sonhos.
Por fazer do simples um motivo de encanto.
Por lembrar-nos, todos os dias, que viver aqui é um ato de amor.
Cáceres — cidade das águas e da alma.
Tu és o espelho onde o tempo se contempla e sorri.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense
Homenagem aos 247 anos de Cáceres, MT

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