sexta-feira, 14 de novembro de 2025

Sala sem portas

 Às vezes acho que estou preso 
Dentro de um espelho rachado. 
Cada pedaço tenta refletir um pedaço de mim, 
Mas nenhum diz a verdade inteira. 
 
Há dias em que sinto 
Que um nome quase nasce na minha garganta, 
Um nome para essa inquietação que me cerca, 
Mas ele morre antes do som. 
 
É como viver dentro de uma sala sem portas, 
Onde o ar não sufoca, mas também não liberta. 
Onde cada sensação é um fio solto, 
E quando tento pegar, 
Ele escapa entre os dedos. 
 
Eu me movo, mas não avanço. 
Eu penso, mas não defino. 
Eu sinto, mas não sei dizer o quê. 
 
Talvez eu seja uma frase que ainda não sabe 
Qual verbo pertence a ela. 
Ou talvez eu seja apenas o silêncio 
Entre duas palavras 
Importantes demais para serem ditas. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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