Aceitar os estilhaços como parte do reflexo.
Não é ausência de dor,
É dança com o desconhecido.
A arte de existir sem medo
É como respirar debaixo d’água:
No começo, estranha-se o oxigênio do invisível,
Mas depois o peito aprende
Que viver é confiar no que não se vê.
Não temas tua sombra,
Ela é apenas a luz dizendo teu nome ao contrário.
Aceita tuas dobras, teus abismos,
Teu riso fora de hora,
Eles também são parte da sinfonia.
Quem existe sem medo
Aprendeu que não precisa caber em molduras.
Fez-se quadro vivo,
Em constante rasura,
Uma arte que se renova ao ser incompleta.
Ser é um verbo que se aprende devagar.
Mas quando o medo cede lugar ao espanto,
A existência floresce
Como uma planta que, pela primeira vez,
Entende o sol.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense