terça-feira, 28 de outubro de 2025

Toda palavra quer nascer livre

 As palavras, quando deixadas sozinhas, 
Criam seu próprio alfabeto. 
Crescem como ervas entre as pedras da mente, 
Sussurrando segredos 
Que nem o autor se lembra de ter sonhado. 
 
Quando não as vigio, as palavras dançam. 
Tropeçam umas nas outras, 
Beijam-se no escuro da página, 
Geram sentidos que não me pertencem. 
 
As palavras fervilham 
Quando o silêncio se distrai. 
Tomam corpo, rosto, 
E caminham pela noite 
À procura de um novo dono. 
 
Não há prisão que as segure. 
Enquanto penso em moldá-las, 
Elas já estão moldando a mim. 
 
Toda palavra quer nascer livre, 
Mesmo as que escrevo em voz baixa. 
Quando viro o rosto, elas se multiplicam, 
Como pensamentos à espreita do infinito. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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