Eu descobri o nome de outra pessoa
Batendo dentro do teu peito.
Não houve grito, nem tempestade — apenas a verdade
Descendo lenta,
Como uma lágrima que sabe exatamente
Onde vai cair.
É estranho, quase sagrado, ver o fim se erguer
Com a delicadeza de uma despedida
Que não pede permissão.
Percebo que teu coração já caminha em outra direção,
E eu fico aqui, parado na fronteira
Entre o que fomos e o que nunca mais será.
O último adeus tem gosto de porta entreaberta:
Não se fecha de repente,
Apenas deixa de ser passagem.
E enquanto te vejo partir, sinto algo curioso,
Como se meu próprio peito aprendesse,
A duras penas, que amar também é soltar.
Levo comigo o que ficou intacto:
O brilho de um instante,
O calor de uma promessa antiga,
O breve consolo de saber que, mesmo sendo o fim,
A história passou por mim.
E então digo adeus.
Não o adeus de quem espera retorno,
Mas o adeus de quem finalmente entende
Que certos caminhos se despedem antes mesmo
Que percebermos que estamos caminhando sozinhos.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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