Sob o sol dos mandamentos e relógios.
Meu corpo não pertence ao toque dos sinos
Nem às vozes que pedem licença para existir.
O que nasce em mim agora
É um nome sem dono,
Um silêncio que não precisa dizer “senhor”.
Hoje ergo o dorso,
Não por orgulho,
Mas por fim.
Não carrego mais o peso dos horários,
Nem a reverência que dobra a língua.
O sol pode arder,
Mas não me comanda.
E de minha boca
Não sairá mais o eco do “senhor”.
Já fui a sombra curvada dos dias,
Moldada pelo medo do atraso,
Pelo gesto automático da obediência.
Agora me ergo,
Tronco de luz que não se curva,
Palavra que não se cala.
Meu tempo começa onde acaba o “senhor”.
Não sou mais coluna dobrada,
Nem voz domesticada.
Meu verbo é livre,
E o sol, testemunha.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

Nenhum comentário:
Postar um comentário