Não mais para o que é puro,
Mas para o brilho falso
Daquilo que o mundo chama de conquista.
É quando o sentido se corrompe,
Como um rio que, ao invés de seguir para o mar,
Se perde em charcos de vaidade.
Buscamos aplausos,
Como se o eco de vozes alheias
Pudesse preencher o vazio que cavamos dentro.
E confundimos o reflexo com a essência,
A imagem com o ser,
O elogio com a verdade.
A vaidade é um espelho sujo,
Que deforma o que temos de mais humano.
Faz-nos esquecer que a beleza real
É feita de silêncios,
De gestos pequenos,
De quedas e reconstruções.
Perseguimos uma perfeição ilusória,
Ignorando que o que nos priva dela
É justamente a ânsia de parecer perfeitos.
Quanto mais corremos atrás da máscara,
Mais nos afastamos do rosto.
O orgulho grita,
Mas a alma sussurra.
E no fim, tudo o que sobra
É um gosto amargo
De ter amado mais a aparência
Do que a vida em si.
Quem dera entendêssemos cedo
Que o valor de um passo verdadeiro
Vale mais que mil caminhos encenados.
Que a humildade é a ponte
E a vaidade, o abismo.
E que a perfeição, se existe,
Mora apenas no instante
Em que somos inteiros,
Mesmo que imperfeitos.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense
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