Sabemos que virão, mas não sabemos
Como arrancar as folhas do peito
Sem sangrar raízes.
Dizer adeus é desenhar com a voz
O fim de uma casa que ainda mora em nós.
E eu, tropeçando em sílabas,
Prefiro o silêncio,
Ele também chora,
Mas ninguém percebe.
Você partiu antes que eu aprendesse
A conjugar o verbo deixar.
Fiquei com a língua presa
No passado imperfeito.
Mesmo sabendo que o tempo exige esse adeus,
Meus gestos ainda guardam portas entreabertas.
Como se um retorno
Fosse menos impossível que te esquecer.
Não sei dizer adeus.
Só sei calar devagar,
Como quem fecha os olhos
Esperando que o mundo volte a ser sonho.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense
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