segunda-feira, 2 de junho de 2025

Quando a noite me leva até você

 Quando o mundo se dobra em silêncio 
E as janelas já não refletem nada, 
Meus pensamentos saem descalços, 
Tateando o escuro à tua procura. 
 
A cama é vasta demais sem teu corpo, 
E o lençol, por mais macio, 
Não imita teu toque. 
Só o frio conhece a ausência que você deixa. 
 
Fecho os olhos não para dormir, 
Mas para te ver melhor. 
Ali, onde a realidade cede ao delírio, 
É onde tua boca ainda me chama, 
Onde tua pele ainda me reconhece. 
 
Toda madrugada me devora em segredo. 
O relógio não conta horas, 
Conta suspiros. 
E cada minuto sem você 
É um fio de sombra que me enlaça. 
 
Eu te invento nos meus braços, 
Crio teu cheiro entre os travesseiros, 
Te esculpo em pensamentos urgentes 
Como se o desejo pudesse 
Moldar a carne do impossível. 
 
Teu nome é um eco que não cessa, 
Um feitiço que me prende 
Entre o sonho e a falta. 
Às vezes sussurro baixinho, 
Esperando que, em algum lugar, 
Você ouça. 
 
É à noite que você mais existe. 
Quando tudo dorme, 
Menos esse desejo. 
Essa sede que só você sacia, 
Mesmo estando ausente. 
 
Porque no fundo, amor, 
Não é o sono que me visita, é você. 
E quando me tocas em pensamento, 
Acordo ainda mais desperto, 
Ardendo de silêncio e desejo. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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