Se tu mesmo és a miragem
Que desenha teus próprios desertos?
Por que elevar um nome,
Uma face, uma estátua de barro
Se tua essência
Já é feita de pó, vento e invenção?
O que é um ídolo senão um espelho
Onde projetas a ausência de ti?
Um vulto que ocupa o espaço vazio
Onde tua coragem deveria morar.
Idolatrar é esquecer-se.
É exilar-se da própria pele.
É vestir máscaras sobre outras máscaras,
Até que o rosto original desapareça
Debaixo do peso das imagens.
Tu és tua ilusão…
E também o escultor que dá forma ao nada.
O eco que grita
Dentro da caverna que chamaste de alma.
Nenhum altar te fará inteiro.
Nenhum mito te libertará da verdade:
És tu o sonho que sonha a si mesmo
Enquanto procura de joelhos
Um deus que nunca esteve fora.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense
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