sexta-feira, 20 de junho de 2025

Ídolos e ilusão

 Por que idolatrar um ídolo 
Se tu mesmo és a miragem 
Que desenha teus próprios desertos? 
 
Por que elevar um nome, 
Uma face, uma estátua de barro 
Se tua essência 
Já é feita de pó, vento e invenção? 
 
O que é um ídolo senão um espelho 
Onde projetas a ausência de ti? 
Um vulto que ocupa o espaço vazio 
Onde tua coragem deveria morar. 
 
Idolatrar é esquecer-se. 
É exilar-se da própria pele. 
É vestir máscaras sobre outras máscaras, 
Até que o rosto original desapareça 
Debaixo do peso das imagens. 
 
Tu és tua ilusão… 
E também o escultor que dá forma ao nada. 
O eco que grita 
Dentro da caverna que chamaste de alma. 
 
Nenhum altar te fará inteiro. 
Nenhum mito te libertará da verdade: 
És tu o sonho que sonha a si mesmo 
Enquanto procura de joelhos 
Um deus que nunca esteve fora. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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