quarta-feira, 28 de maio de 2025

Nem todo labirinto

 Nem todo labirinto foi feito para escapar. 
Alguns existem apenas para que a gente se perca 
E se descubra perdido. 
 
Há caminhos que se dobram sobre si mesmos, 
Como serpentes que devoram o próprio rastro. 
Ali, a saída é uma ilusão 
Que respira com o tempo. 
 
O pior labirinto é aquele que mora em nós. 
Sem muros, sem portas. 
Apenas espelhos. 
 
Nem todo labirinto quer nos prender. 
Alguns apenas nos convidam 
A permanecer no centro 
Onde o silêncio é rei e a solidão, altar. 
 
Alguns labirintos 
Foram escritos em linhas tortas, 
Sem começo, meio ou fim. 
São poemas trancados em si mesmos, 
Sem leitor, sem resposta. 
 
Quem disse 
Que todo caminho precisa levar a algum lugar? 
Há trilhas que existem só para nos lembrar 
Que o destino não é o ponto final, 
Mas o próprio perder-se. 
 
E se a saída for o próprio desistir? 
Aceitar que certas dores não se vencem 
Se acolhem. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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