Perde o fôlego e o nome
Quando tropeçamos no esconderijo da infância
Onde o tempo ainda brinca descalço
E os medos dormem de barriga cheia.
O mundo inteiro pesa até doer os ombros,
Mas se desfaz em poeira dourada
Quando abrimos a porta esquecida
Do quintal onde enterramos nossos segredos.
A angústia da vida adulta se cala
No instante em que o vento nos leva
De volta àquela árvore torta,
Onde juramos ser eternos.
Quando reencontramos
O esconderijo da infância,
Tudo o que parecia urgente
Se dobra, em silêncio,
Como roupas guardadas por uma avó ausente.
A existência sufoca como neblina espessa,
Mas se dissipa
No instante em que ouvimos, de novo,
A risada que fomos um dia.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense
Nenhum comentário:
Postar um comentário