terça-feira, 27 de maio de 2025

Prefiro fugir da zona de conforto

Há uma estranheza em mim 
Que não se dobra ao tempo, 
Nem às doutrinas de vidro 
E plástico que chamam de futuro. 
Eu não sou algoritmo, 
Sou sombra que dança ao redor do fogo 
Que esqueceram. 
 
Não me peçam para caber em suas fórmulas. 
Meu sangue não calcula, queima. 
Minha pele não compartilha, sente. 
Minha alma não tem preço, tem sonhos. 
 
Fugi da zona de conforto 
Como quem abandona um quarto trancado, 
Onde o ar cheira a promessas vencidas. 
Prefiro o frio das madrugadas incertas 
Ao calor do mesmo sofá 
Onde o espírito apodrece. 
 
A modernidade construiu castelos de vidro 
Onde se vive olhando para telas, 
Mas eu prefiro as cavernas ancestrais 
Onde os ecos ainda guardam vozes selvagens. 
 
Não sou revolucionário, 
Sou um exilado de mim mesmo. 
Recuso o cardápio das ideias fáceis, 
Prefiro jejuar com os loucos nas montanhas. 
 
O conforto é uma prisão de seda. 
Bonita, macia, mas prisão. 
A liberdade? 
Morde. Fere. Transforma. 
E eu prefiro a liberdade de pensar. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

Nenhum comentário:

Postar um comentário