quarta-feira, 21 de maio de 2025

O sonho sem despertar

 Há um lugar onde os passos não ecoam, 
Onde a brisa fala em línguas esquecidas, 
E o tempo não sabe morrer. 
 
Sonho-me ali, 
No mesmo limiar de uma porta que não se abre, 
Perseguindo rostos sem nome 
E vozes que sussurram promessas 
Que evaporam ao toque da memória. 
 
É um véu que nunca se rasga, 
Uma névoa onde tudo é quase. 
Quase verdade, quase fuga, 
Quase eu. 
 
Ali, durmo de olhos abertos, 
E a realidade se curva como um espelho gasto. 
Não sei mais se respiro ou apenas imagino o ar, 
Se vivo ou apenas me repito 
Em um ritual sem fim. 
 
Porque há sonhos que não pedem licença, 
Nem têm hora de partir. 
Eles fincam raízes em nossa carne adormecida 
E florescem — eternos, 
No jardim do nunca acordar. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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