quinta-feira, 26 de setembro de 2019

O eco dos comunistas


Muito além da escuridão do inferno 
Lá onde não se pode ouvir mais nada 
No infinito da última estrela a se apagar 
Está o eco dos comunistas. 
Ouça minha voz! 
Sussurram eles evocando minha audição. 
Quem sou? Quem é você? 
Por que não se cala de uma vez? 
Só sai merda de sua boca 
Só impropérios Só calamidades! 
Tapo os ouvidos e não quero ouvir 
Mas, meus olhos são estilhaçados pelos gestos 
Olhos esbugalhados 
Estupefatos de ver o sangue jorrar 
Cargas d’águas. 
Cale-se, por favor! 
Você calado é um sábio. 
Onde estão os comunistas? 
Por que não aparecem seus calhordas? 
Quero devorá-los com meus próprios dentes 
Vou arrancar suas peles 
Comer suas carnes 
E sugar os seus sangues. 
Tenho fome 
Muita fome. 
Saiam de seus esconderijos 
Não derrubem esses muros 
Eles separam os imbecis de nós 
Ouço os gritos alucinantes 
Arrepio-me de ouvir 
Coloco uma rolha nos ouvidos 
Não adianta 
Vem de dentro. 
Calhordas! 
Quem é você? Quem é você? 
Bando de comunistas inúteis! 
Ah! Como soa maravilhosamente esse silêncio 
Essa paz que sinto agora 
No meu esconderijo perfeito 
Onde só contemplo o verde das matas. 

Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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