sexta-feira, 30 de abril de 2021

E ela sorriu


Ah! Este coração arteiro 
Não soube esconder 
O desejo de amar aqueles olhos lindos 
Um sonho que viu na sua beleza 
No andar singelo 
Da deusa do seu paraíso. 
 
O sentimento nasceu tão puro 
Como as flores da primavera 
E ela sorriu 
Demonstrando o seu coração 
O caminho para a felicidade 
Que agora sentia em sua alma. 
 
 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

quinta-feira, 29 de abril de 2021

Impassível diante do dragão

Como se fossem trovoadas em uma noite escura 
Ouvia-se o barulhos dos caminhantes 
Do lugar em que tentava esconder 
Quando não existe outra forma de se ocultar 
Do que pode destruir a sua alma. 
 
Sempre falou do seu sentimento 
Do amor que insistia dizer, sentia por ela 
Mesmo ela não acreditando em nenhuma de suas palavras 
Permanecia impassível diante do dragão 
Sem medo de suas chamas mortais. 
 
Rasgou a alma em prantos 
Quando a viu sair pela porta da frente 
Sem mesmo dizer uma palavra de adeus 
Sabia que tudo havia chegado ao fim 
Quando, na verdade, nunca havia acontecido nada 
E apenas seus olhos viam uma miragem. 
 
Os sonhos são folhas soltas no tempo 
Que o vento espalha pelas campinas 
Não passam de tragédias nas vidas medíocres 
Dos cegos apaixonados. 
 
Lá se vai mais uma daquelas histórias 
Que não se sabem ao certo quem escreveu 
Porque não há um final feliz 
Quando não existe esperança de um retorno 
Mesmo que por uma única noite. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

quarta-feira, 28 de abril de 2021

No caminho de Emaús

Quase meu coração desfaleceu 
Quando caminhava tristemente 
Três dias se passaram 
Desde os últimos acontecimento. 
A esperança já se ia 
Desfalecia em mim as minhas forças 
Em saber que Ele havia morrido 
E já não se via o seu lugar. 
No caminho 
Ele apareceu 
E como pedra estava eu 
Quando começou a descrever 
As profecias a seu respeito. 
Convinha que o Messias 
Fosse pendurado no madeiro 
Desde Moisés está escrito 
E em toda a escritura. 
Quando parecia continuar 
Sua longa jornada 
O recebemos em nossa casa 
Pois tarde do dia já era. 
Ao tomar o pão e dar graças 
Eis que meus olhos abriram 
E, então descobri, 
Que meu coração batia forte. 
Agora sei que Ele vive 
Que dos mortos ressuscitou 
Irei correndo contar 
As boas novas de alegria. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

terça-feira, 27 de abril de 2021

O poeta é semelhante as nuvens

Ouço vozes que falam aos meus ouvidos 
Dizem que não ser ouvido 
Não é razão para me silenciar 
Mas, quem sou eu neste vasto universo 
Onde dor e sofrimento são sempre imutáveis? 
O poeta é semelhante as nuvens 
Desliza pelo infinito sem destino certo 
E quem poderá dizer que não tem razão 
Em acreditar em um mundo melhor? 
Não posso viver sem minha vida 
Não sou um pássaro que está preso 
Nenhuma rede pode me prender 
E não posso viver sem minha alma. 
O ser humano erra quando deixa de lutar 
Nunca busquei a felicidade 
Porque quem poderá imaginar os horrores 
Dos meus esforços secretos. 
Nossa festa chegou ao fim 
Tudo parecia tão perdido 
E sei que alguns nascem grandes 
Enquanto outros conquistam a grandeza 
Através de seus silenciosos esforços. 
Ninguém poderá impedir a minha jornada 
Quando decido o meu próprio caminho 
Espero que me dê sua mão 
E voe comigo os espaços secretos da alma 
Vamos para além do horizonte 
Ver as montanhas que nos esperam 
No destino final. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

segunda-feira, 26 de abril de 2021

A importância da História

A meta última e definitiva da História 
É o autoconhecimento humano 
A própria História tem uma História 
Que vale a pena contar. 
Diz-nos George Santayana
- "Aqueles que não podem lembrar o passado 
Estão condenados a repeti-lo". 
Heródoto e Tucídides 
Nomes que registraram as primeiras histórias 
Os eventos e as ações humanas 
Deixando os deuses de lado. 
Políbio e Tito Lívio 
Flávio Josefo e Sima Qian 
Historiadores que nos fazem pensar a História. 
A História que é sempre um dos principais assuntos 
Leva-nos em viagens fantásticas pelo mundo 
Assim o diz René Descartes
- "Pois é quase a mesma coisa conversar 
Com as pessoas de outros séculos e viajar". 
A História é tão importante 
É a grande narrativa da humanidade 
Diz-nos o Historiador Edward Gibbon
- "A História é, na verdade, 
Pouco mais do que o registro dos crimes, 
Das loucuras e das desgraças da humanidade". 
Apesar do pessimismo do Historiador 
A História é tão importante 
É um processo, 
Mais do que uma série de eventos sem conexão 
E continua sendo fundamental em nossas vidas. 
Como diz Martin Luther King Jr
- "Não fazemos a história. 
Somos feitos pela História". 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

domingo, 25 de abril de 2021

Está consumado!

Corrupção 
Depravação do coração 
Maldade inata da alma 
Estávamos perdidos 
Até o brado na cruz: 
- Está consumado! 
Agora, Cristo se fez justiça por nós 
Vivo não eu 
Cristo vive em mim! 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

sexta-feira, 23 de abril de 2021

Precisamos aprender alguma coisa

O primeiro raio de luz 
Não revela tudo 
Mas, manifesta que o sol está chegando. 
Cada vida tem a sua estrada 
A vida é mesmo assim 
Precisamos aprender alguma coisa 
E tem certas coisas 
Que não sei bem como dizer 
Por isso gosto muito do silêncio 
Com ele aprendo 
Que cada um de nós escreve 
A nossa própria história. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

quinta-feira, 22 de abril de 2021

História de minhas calamidades

Triste lamento de um peregrino solitário 
Na caminhada pelo vale sombrio da solidão 
Sem esperança de ver outra vez a luz 
Que outrora aquecia e iluminava o caminho 
E isso rasgava-lhe o coração em pedaços. 
 
Parece um lamento sem sentido 
De lágrimas que escorrem durante a noite toda 
Mas é a simples rapsódia de uma história lida 
História de minhas calamidades atrozes 
Que esmagava um coração tão sofredor. 
 
Seria esse lamento uma lástima sentida 
Ou um desabafo interno tão intenso? 
Não se sabe ao certo o que acontece no escuro 
No submundo de uma alma corrompida 
Vozes que estralam no escuro do porão 
Quando a alma sente a necessidade absoluta 
De uma libertação definitiva rumo às nuvens. 
 
A história foi traçada de forma mal(dita) 
Escrita pelos guerreiros vencedores 
Que esmagaram os covardes agora derrotados 
Mas ouvia-se os brados de revoltas 
Desses derrotados que queriam contar o seu lado 
De uma narrativa totalmente diferente de tudo. 
 
Não era mais a história de uma calamidade 
Depois de refletir 
Decidi que era responsável 
Por uma nova história de superação! 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

quarta-feira, 21 de abril de 2021

A busca pelo conhecimento

A caminhada da vida não é nada fácil 
Dúvidas são brumas sombrias em momentos de tristeza 
Que tiram a paz do coração 
Provocando medo e causando o caos 
Impedindo que possamos prosseguir. 
 
Vespas que ferroam a alma 
Pode neutralizar as forças que temos 
E tentar cortar as asas que voamos. 
 
Vinagre misturado com o fel da morte 
Causa-nos um mal estar terrível 
E alguns são neutralizados com isso. 
 
Sei, então, que a escuridão não é escura 
Quando posso enxergar a luz verdadeira 
A chama que brilha intensamente no fundo da alma 
Dos cômodos de cima temos uma visão mais ampla 
Por isso subo o mais alto que posso 
Na esperança de alcançar o conhecimento 
Para ter a liberdade que tanto almejo. 
 
Homens são mendigos nas grandes cidades 
Imploram uma esmola nos semáforos ou batem de porta em porta 
De que adianta a aljava vazia 
Quando não podes mais ter nenhuma flecha 
Como fará para enfrentar o seu inimigo número um: 
A ignorância? 
 
A busca pelo conhecimento 
É uma árdua batalha contra o obscurantismo 
Mas nos leva ao mais alto lugar 
Onde podemos ter uma visão ampla de tudo 
Por isso não podemos parar! 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

terça-feira, 20 de abril de 2021

No sorriso de uma deusa

Os seus olhos 
O brilho tão intenso 
Sedutores 
Misteriosos 
A revelar sua alma 
Seu coração 
O amor 
Tão profundo e verdadeiro 
Deixou-se mostrar 
No sorriso 
De uma deusa! 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

segunda-feira, 19 de abril de 2021

Lillo e Léo

Acordo cedo e abro a janela 
Vejo um pássaro se espreguiçando 
No fio de luz 
O sol já despontou de sua morada 
E seus raios trazem calor 
Vou até o quintal 
Ver o pequeno Lillo 
Que corre abanando o rabinho de felicidade 
No fogo deixei a água aquecer 
Para coar um cafezinho 
Coloco ração para o Léo 
O gato que me espera todas as manhãs 
Como se esperasse 
Seu melhor amigo 
A manhã está nítida no ar leve 
Sinto o frescor do orvalho 
E deixo Lillo correr pelo quintal 
Vejo os dois a brincarem 
Sou grato então 
Um novo dia dado pelo Criador! 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

domingo, 18 de abril de 2021

Da prisão à liberdade

Sou como alvo para suas flechas 
Eu vi a aflição com meus próprios olhos 
Fizeram-me andar na escuridão 
Como se eu fosse um condenado miserável 
Passei noites em claro sem poder dormir 
Pois estava cercado com grades 
Durante o dia eu servia de zombaria 
E fizeram canções de deboches pela minha miséria. 
 
Será que esqueci o que é o bem? 
Ainda resta alguma esperança?
 
Despertou-se em meu coração uma luz 
Que existe, sim, uma esperança para mim 
Foi então que pude entender 
A ira do Senhor é de curta duração 
Mas a sua misericórdia não tem fim. 
 
Ele resgatou a minha alma da maldição 
Curou as minhas feridas mortais 
E libertou-me das minhas prisões. 
 
Levanto agora o meu coração 
E, também, as minhas mãos 
Tu ouvistes a minha voz 
Bom é o Senhor para os que buscam o teu favor 
Hoje livre sou! 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

sábado, 17 de abril de 2021

Amor de perdição

No profundo do coração 
A alma deseja voar 
Quer logo te encontrar 
Para sair da solidão. 
 
Nos olhos fechados estão 
Um sonho que é escondido 
De um tempo que foi perdido 
Nos olhos da ilusão. 
 
Sigo um longo caminho 
No qual me sinto sozinho 
A desejar a salvação. 
 
Parece só haver espinho 
Nenhum pássaro no ninho 
Nesse amor de perdição. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

sexta-feira, 16 de abril de 2021

Quero viver junto a ti

O meu amor pertence a ti 
Quero viver por toda vida 
Pensando em você 
E você diz que vai partir 
Que minha vida vai mudar 
Mas, como vou cuidar do meu coração? 
É preciso ser de alguém 
Quando parti não pensei 
Que sem você seria tão infeliz 
Eu agora trago dor e solidão 
E tenho todo tempo do mundo 
Tempo para pensar 
Quão tolo fui eu um dia 
Em perder você! 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

quinta-feira, 15 de abril de 2021

Muito além das palavras

Quero gritar ao mundo inteiro 
Deixar meu coração aberto 
Não esconder o sentimento... 
Quero falar que te amo intensamente 
Muito além das palavras 
Que consigo expressar neste momento. 
 
Ergo meus olhos para o infinito 
E imagino você com o brilho no olhar 
Muito além do amor tão bonito 
A sua beleza e jeito meigo de amar. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

quarta-feira, 14 de abril de 2021

Um amor tão impossível

Na triste solidão do meu peito 
Sinto falta de um grande amor 
Seria bom se conseguisse tirar 
Do meu pensamento essa dor. 
 
Pergunto-me por que eu quis 
Viver um amor assim tão impossível 
Só soube que sofreria tanto 
Quando percebi que és inesquecível. 
 
Hoje tenho apenas uma saudade 
Daquele tão lindo olhar 
Que por ti me fez apaixonar... 
 
Só desejo encontrar a felicidade 
Para dar paz ao meu coração 
Preciso que o tire dessa solidão! 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

terça-feira, 13 de abril de 2021

A ideia tola de escrever um livro

Havia uma sensação de desconforto 
Que seria rasgada pela luz 
Embora as janelas e cortinas 
Ficassem sempre fechadas 
Aquele lugar dava arrepios aos despreparados! 
Contam-nos mentiras 
Como as de que sapos viram príncipes... 
Eu só queria ser surpreendido pela alegria 
E não viver em outro lugar que não fosse o Céu 
Mas, tenho que lutar contra o mal 
Até a morte 
Para não sucumbir ao Inferno. 
Por algum momento até penso 
Que não passo de uma sombra fria 
Uma coisa horrível que não deveria existir 
Mas o medo de mim mesmo 
É a pior forma de horror. 
"Afasta de mim estes pensamentos" 
Exclama o poeta em sua angústia 
Porque não quer viver no esquecimento 
Apenas ver o azul do infinito 
Nos olhos singelos de uma donzela. 
Basta tudo isso aqui 
Vamos voar para o além 
Muito acima das estrelas 
Eu só estava com uma ideia tola 
De escrever um livro. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

segunda-feira, 12 de abril de 2021

Não tenho medo

No mundo tereis aflições 
Pois este mundo é mal 
Mas, aquele que tem Jesus 
Sempre anda na luz 
E proteção tem no final. 
 
Não tenho medo do mundo 
Não temo nem um perigo 
A graça de Deus me basta 
Não temerei nenhuma casta 
Pois, Jesus sempre está comigo. 
 
O temor é o mal do século 
De um mundo inseguro 
Falta paz e segurança 
Até mesmo para uma criança 
Sem esperança de futuro. 
 
Só com Jesus temos paz 
Só Ele é nossa proteção 
Não temas as tempestades 
Nem mesmo as potestades 
Pois, Jesus segura em sua mão. 
 
 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

domingo, 11 de abril de 2021

Meu lado sombrio

Pegue essas asas feridas 
Ouça o barulho rompendo o silêncio 
Vasilhas nas paredes são jogadas 
Cabelos arrancados 
Uma fúria incontrolável 
Tu és brisa 
Sou tempestade. 
Por que simplesmente não podemos 
Dar as mãos? 
Aprenda a voar de novo 
Esqueça o meu lado sombrio 
Podemos pegar o que estava errado 
E fazer o certo acontecer. 
Que saudade não confunde a mente? 
Que ausência não é sentida? 
Sinto a fúria do vento 
Quando não lembro o que aconteceu 
Meu lado sombrio 
Ainda não aprendeu a ser livre 
Quando ouvirmos as vozes cantarem 
Estarei em outra dimensão 
Então pegue em minhas mãos 
E aprenda a voar de novo. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

sábado, 10 de abril de 2021

Pedaços de emoção

Sento-me em um canto 
Ouço o silêncio 
Deixo o pensamento viajar 
Olho para um quadro 
Na tela vejo o horizonte... 
 
O olhar busca o infinito 
Nas nuvens está o pensamento 
As lembranças daquele olhar 
Para mim tão bonito 
Que costura o meu coração 
Em pedaços de emoção... 
 
Poeta: Odair José, Poeta Cacerense

sexta-feira, 9 de abril de 2021

Vejo o Rio Paraguai que desliza

Nunca vi uma manhã brilhante 
Que não tenha trazido chuva mais tarde. 
Na infância disseram-me 
Que se eu fosse um bom menino... 
Seria feliz!
Nunca em minha vida 
Senti-me tão infeliz! 
Sento-me na beira do cais 
E vejo o Rio Paraguai que desliza 
E lembro-me de Tântalo 
Sentenciado a não poder saciar a sua fome 
Nem sua sede 
E isso por toda a eternidade. 
 Pode existir pior destino que este? 
Antever o Apocalipse 
Ou sentir-se exilado 
Como se estivesse sentenciado 
Pelo temor da condenação eterna. 
Eu não tinha pensado nisso antes 
Por isso não tenho nenhum outro plano 
Que não seja sobreviver! 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

quinta-feira, 8 de abril de 2021

Só mais uma vez...

Só mais uma vez 
Eu procuro te amar 
Degusto tuas formas 
E com você posso sonhar... 
 
Só mais uma vez 
Eu busco em seu olhar 
O prazer de sentir 
Permito te encontrar... 
 
Só mais uma vez 
Entrego-me por inteiro 
Ao amor que vejo 
Ao sentimento verdadeiro... 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

quarta-feira, 7 de abril de 2021

Terra do pecado

Estás a afundar em lágrimas 
A fome despertada 
O cheiro das ruas 
Ou das casas luxuosas? 
Tudo é escuro lá fora 
Um pedinte na calçada 
Ou no semáforo 
Com uma placa no pescoço. 
Solidão de uma sociedade 
Decadência de uma infância 
Das crianças 
Que não soltam mais suas pipas. 
Olha as campinas de Sodoma 
Beijos lésbicos na TV 
Víboras que se contorcem 
Em busca de ratos nos esgotos. 
Terra do pecado 
Além das campinas verdejantes 
Não se ouve mais o lamento 
Daqueles que já não querem voltar. 
Fecha os olhos 
Contempla só uma luz no final 
Quando nem tudo acabou 
É apenas uma introspecção. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

As palavras no mundo

Será que todas as aves nascem dos ovos? 
Tudo é ilusão 
E eu sinto saudades 
De um lugar que eu nem conheço 
Vi uma mulher idosa 
Que cuidava de gatos de rua 
Foi quando me perguntei: 
- Como seria não ter um nome? 
Comprei livros e mais livros 
Ajuntei-os em uma pilha 
E alguns eu nem consegui ler 
Foi quando descobri um galho 
Que afundou até o fundo de um lago. 
Tudo isso que vejo agora 
São as palavras no mundo. 
Não precisa estar em um lugar diferente 
Precisa é ser uma pessoa diferente. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

terça-feira, 6 de abril de 2021

Paleolítico

Durante um longo período 
Milhares de anos 
O que sei fazer é andar 
Coletar frutos, 
Grãos e raízes para me alimentar... 
Algumas vezes caço ou pesco 
Sou nômade 
E procuro sobreviver 
Aprendi a confeccionar instrumentos 
De madeira, de ossos e de pedra. 
Descobri o fogo 
E o quanto ele é essencial para minha sobrevivência. 
O fogo me ajuda a vencer 
O frio e a fome. 
Não sou incapaz na criação 
Desenvolvo uma cultura responsável 
Figuras entalhadas em pedra 
E pinturas gravadas nas paredes das cavernas 
Mostrarão que sou eu 
O homem 
Do Paleolítico. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

segunda-feira, 5 de abril de 2021

Não sei se vou me acostumar

Momentos de grandes alegrias 
Via-se em seus olhos 
E podia se ouvir o som do vento 
Que levantava os seus cabelos 
E eu amava cada detalhe do seu sorriso. 
 
Tudo se vai no romper da aurora 
Na minha vida 
Conheci uma triste ilusão 
Quando você deixou o meu coração 
A sofrer na noite fria. 
 
Não sei se vou me acostumar 
Com essa solidão 
Que tira da minha alma 
A vontade de amar outra vez. 
 
Já não ligo para nada 
Quando tornou-se sem sentido 
A solidão que sinto agora 
No vazio da minha vida 
Sem você! 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

domingo, 4 de abril de 2021

Uma breve canção à amizade

Abre os braços e um largo sorriso 
E é tão bom o seu aconchego delicado; 
Compartilha seus segredos quando preciso 
E dá bons conselhos sempre dedicado. 
 
Canto em versos a sua amizade 
O carinho que sempre tens na alma; 
Mesmo na dor demonstra a felicidade 
No sorriso de profunda calma. 
 
Amizade que em todas as horas posso contar 
Como é bom ter a sua sincera amizade 
Em paz caminho pela eternidade. 
 
Em tuas mãos seguro posso confiar 
Porque tens um puro coração 
E à sua amizade dedico essa canção. 
 
 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

sábado, 3 de abril de 2021

Ao derramar poeira de luto na cabeça

Por dias e noites seguidas 
As idosas não contiveram os gritos 
Os anciões lamentavam 
As jovens arrancaram os cabelos 
Ouvia-se o som das flautas 
Homens chorando e mulheres 
Sem motivos para sorrir 
Ao derramar poeira de luto na cabeça 
Garras nos seios 
Garras nos olhos 
Sangue nas veias 
Por dias e noites intermináveis 
Prantearam e enterraram seus mortos 
E muitos ficam estendidos pelo chão. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

sexta-feira, 2 de abril de 2021

A reflexão do último dia da existência não absoluta do mortal

Olhou mais uma vez para a imagem a sua frente. 
Sentia que essa poderia ser a última vez que seus olhos vislumbraria tal imagem. 
Não fazia a mínima ideia do que haveria do outro lado. 
Tudo não passava de teorias. 
Afinal, ninguém havia voltado do outro lado para contar o que lá havia. 
Desejava muito ter mais tempo. 
Não queria viver para sempre. 
Nunca imaginou isso. 
A imortalidade o assustava. 
Já não suportava nem mais um dia nesta vida miserável. 
 
Lembrou de seus dias antigos. 
Os tempos de crianças quando corria atrás das borboletas e jogava pedras nos pássaros para vê-los voando. 
Esse sim era um tempo que desejava que não tivesse passado. 
Quem dera pudesse viver a infância infinitamente. 
Os adultos são ingratos e imbecis. 
São todos sem compaixão. 
Egoístas e miseráveis. 
Lobos do próprio homem. 
E nunca gostaria de ser como eles. 
Mas sentia-se como o pior de todos os mortais. 
Tudo é uma ilusão neste mundo tenebroso. 
 
Ainda podia ver aqueles lindos olhos. 
Com certeza eram os mais lindos que já vira em sua vida. 
E foi ali que tudo desmoronou. 
Sabia disso. 
Aqueles olhos foram a sua perdição. 
Talvez pudesse seguir outros caminhos se não tivesse deixado eles penetrarem e dominarem seu coração. 
A partir daquele olhar seus pensamentos tornaram-se prisioneiro dela para sempre. 
E tudo não passou de mais uma grande ilusão. 
Amou-a como se fora a única mulher no planeta. 
Ela não sentiu a mesma coisa. 
Gosto muito de você , disse-lhe um dia, mais é só isso. 
Um carinho. 
Isso foi como um punhal a rasgar o seu coração. 
 
Cada vez que via um andarilho pelas ruas ou uma criança abandonada pelos pais seu coração sangrava. 
Onde está a humanidade das pessoas? 
Sentia o frio das madrugadas e os espinhos do caminho. 
Ninguém se importava com seus gritos. 
Ninguém ouvia o seu pedido de socorro. 
Ninguém se importava. 
Por que, então, deveria se importar com alguém? 
Imaginava, em seus sonhos, o mundo sendo destruído por fogo. 
As chamas cobriam toda a terra. 
Animais desesperados correndo de um lugar para outro. 
Gente gritando desesperadas. 
Mas de nada adiantava. 
O fogo fazia uma limpeza total. 
Não ficou nem raiz nem ramo que não fosse destruído. 
Acordou do sonho com o corpo coberto de suor. 
Podia torcer os lençóis se quisesse. 
Ficou aborrecido porque lá fora ainda podia ver as folhas sendo carregadas pelo vento da manhã. 
 
Definitivamente perdeu todas as suas esperanças. 
Sabia que nada poderia fazer para mudar aquela situação. 
Ninguém notaria sua ausência. 
Sentia-se um nada em meio ao infinito. 
Poderia deixar essa vida e seria apenas mais um indigente sem identificação. 
Que diferença isso faria para a humanidade? 
Quantas pessoas já nasceram e morreram ao longo da existência humana e ninguém se importa. 
O mundo continuará a existir assim que parar de respirar. 
Já existia quando chegou aqui. 
Continuará a existir assim que se for. 
 
Fechou os olhos outra vez. 
Sua mente estava muito confusa. 
Afinal, que escuridão era essa? 
O limbo existencial ou o fim de tudo que sua mente insana viu ou ouviu um dia. 
Sente as garras afiadas de seus condutores. 
Ou são asas? 
A visão é ofuscada pela linha tênue da vida e morte. 
Onde está o barqueiro para me conduzir pelo rio da eternidade? 
Meu coração será pesado na balança? 
Já cheguei no paraíso? 
Tudo está em silêncio agora. 
Embaixo de uma árvore as folhas são levadas pelo vento até pousar suavemente no rosto bucólico de uma pessoa. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense