quarta-feira, 5 de setembro de 2018

A Garota do Bar



Numa dessas noites 
Quando vagava pela cidade 
Parei em um bar qualquer 
Na esquina de duas ruas. 
O ambiente carregado 
Cigarro, cerveja e fumaça 
Misturada ao suor de alguns 
Causavam angústia. 
Poucas pessoas e muito barulho 
Músicas, vozes, gritos. 
Transitei entre as pessoas do bar 
Mas, como um fantasma 
Não fui percebido. 
Num canto sentei-me 
E fiquei a observar o ambiente. 
Tempos depois ela apareceu. 
Uma garota. 
Morena de olhos negros 
Agora com uma mistura de vermelho. 
Cabelos pintados de um marrom tosco 
Escondia uma beleza há muito tempo desfeito. 
O rosto carregado de maquiagem 
Não conseguia esconder a tristeza 
De uma vida perdida. 
Olhou-me com um sorriso nos lábios 
Sem perceber que não conseguia esconder 
A vida sofrida. 
- Quer tomar uma cerveja? – perguntou-me. 
- Sim! – respondi – desde que me acompanhe. 
Enquanto olhava para a espuma da cerveja 
Falou-me de sonhos perdidos. 
De uma vida que jogou fora um dia 
Ao escolher um caminho 
Diferente do traçado pelo destino. 
Não conseguiu esconder a saudade dos filhos 
Que outrora estivera em seus braços. 
As luzes fracas do bar 
E o barulho de sons misturados confundiam 
A mente insana daquela garota. 
- Mas você também não me parece muito feliz – indagou-me. 
- Deixei que o amor voasse pela janela e por ele não lutei. 
Sua pele morena refletia o anseio de mais uma noite de amor. 
Não pelo prazer e sim pela necessidade de sobrevivência. 
Mas não me senti à vontade. 
Aquela mulher lembrava a que me deixou um dia 
E, com certeza, poderia estar em algum bar da vida. 
Triste vida dessa garota. 
Em vários braços durante a noite 
Mas, com o coração abandonado. 
Faz amor com vários durante o crepúsculo 
E, ao amanhecer está com a vida vazia, 
Sem amor e sem esperança. 

Poema: Odair José, o Poeta Cacerense.

Um comentário: