segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

Uma outra bomba que cai

Uma inquietação toma conta do coração 
Ansiedade 
Perturbação 
Medo de mais um estrondo 
Uma outra bomba que cai 
Corta os céus 
Com um barulho assustador 
Até quando a ganância do ser humano 
Vai continuar fazendo mais vítimas? 

Os olhos assustados das crianças 
O corre-corre pelas ruas 
A invasão repentina 
Que muda toda rotina 
De mais uma nação. 

Fale-me sobre tudo isso 
Explique-me os assuntos de geopolítica 
Porque não consigo entender 
A necessidade expansionista 
O domínio territorial 
Em detrimento de vidas humanas. 

Assírios e babilônicos; 
Macedônios, persas e romanos; 
Mongóis e japoneses; 
Belgas, franceses e ingleses; 
Americanos e russos; 
Chineses? 
E assim caminha a humanidade 
Onde todos querem dominar 
Conquistar 
Explorar. 

Enquanto isso vidas inocentes morrem 
Corpos espalhados pelo chão 
Fome e destruição. 

Basta de tudo isso! 
Destruam suas armas 
Vivam suas vidas 
Defendam a liberdade!

Poema: Odair José, Poeta Cacerense

domingo, 27 de fevereiro de 2022

O mal que há em nós

Será que ousamos discordar 
Que em nós há muita maldade? 
Deixamos o pobre morrer de fome 
Subjugados pela desigualdade. 

 Choramos pelo filho que perdemos 
Mas não lamentamos ao ver 
Os inúmeros que matamos lá fora 
Deixando sozinhos para morrer. 

 Na ânsia de querer sempre mais 
Somos egoístas e obsessivos 
Destruímos os sonhos de outros 
E muitos são extremamente opressivos. 

 O mal que há em nós 
Nos torna seres humanos belicosos 
Cada um só pensa em si mesmo 
E muitos são bastantes invejosos. 

 Nessa batalha constante em nós 
Para que o bem vença devemos lutar 
Não podemos ser vencidos pela maldade 
Mas a bondade deve sempre ganhar. 

 De nós mesmos nada temos 
Por isso em Cristo devemos crer 
Só com a sua graça em nós 
A natureza pecaminosa vamos vencer. 

 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

sábado, 26 de fevereiro de 2022

Quero poupar suas lágrimas

Estou agora protegido nas sombras de um frondoso arbusto 
Descanso meus pés da caminhada e observo as flores 
Vejo também as borboletas voarem no entardecer 
Logo será noite e poderei dormir em alguma estalagem 
E terei um descanso para minhas pálpebras. 

 Penso muito em você e imagino como ficou a olhar 
Não acreditava que um dia eu partiria 
São só promessas, dizia você com ar de superioridade 
E agora sabe que a decisão foi tomada 
E que o mundo tem outras pairagens a nos oferecer. 

 Depois de um dia longo de caminhada 
Algumas léguas separam os nossos olhos 
E desfazem todos os sonhos que foram pensados 
Porque a vida segue rumos diferentes 
Quando duas almas tomam direções opostas. 

 Desejo que gozes perfeita saúde e tenha dias de paz 
Que a sua juventude possa sempre rejuvenescer 
Sua beleza possa encantar os olhos que a vê 
No fundo mesmo o que mais desejava nos últimos tempos 
Era poupá-la dos sofrimentos da monotonia. 

 Ao olhar para a tristeza que a envolvia 
Sempre pensei comigo em partir para outra realidade 
Quero poupar suas lágrimas 
Porque ninguém merece sofrer por outra pessoa 
Que não lhe dedica o mínimo de atenção. 

 Se pudesse voltar no tempo eu faria diferente 
Tomaria outras decisões que não a magoassem 
Mas o tempo não volta nunca mais 
E a maturidade só chega quando já fizemos as coisas erradas 
E o círculo da existência foi rompido. 

 A noite se aproxima e devo seguir minha jornada 
Olho as primeiras estrelas no azul do infinito 
E imagino que também esteja olhando para elas 
O brilho do seu olhar é refletido na mais intensa 
E dou os meus passos agora para mais distante de tudo isso. 

 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

Quase imperceptível

Os sinais estavam por todos os lados 
Um olhar misterioso no silêncio 
Em meio a multidão nas ruas 
O sorriso discreto 
Quase imperceptível 
E o rubor na face bucólica 
Eram os sinais mais evidentes já demonstrados. 
 
A timidez impedia qualquer movimento 
O medo das decepções 
E se fosse tudo criação 
Da sua própria imaginação? 
Não desejava mais passar 
Por outra desilusão 
O coração não suportaria isso. 
 
Mas, lá estava aquele olhar 
Singelo e convidativo 
O que se perde em arriscar? 
Dúvidas na cabeça 
Incertezas no coração 
E ninguém segue a razão nessas horas. 
 
Não vê mais ninguém em meio a multidão 
Apenas aquele olhar 
O faz se entregar ao sentimento 
Já que não consegue mais tirar do pensamento 
Deixa o amor acontecer. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

A guerra não faz sentido

Por que os seres humanos 
Não conseguem conviver em paz 
Uns com os outros? 
Por que pensam sempre de forma egoísta? 
Querem sempre mais 
Destroem os inocentes 
Provocam dor e sofrimento 
Até quando isso vai ser assim? 
A guerra não faz sentido algum 
Os jovens morrem 
Matam outros jovens que tem sonhos 
Que não vão viver para realizá-los 
Enquanto os poderosos estão sentados 
Em suas cadeiras confortáveis 
Protegidos por brutamontes. 
Inconsequentes! 
Crápulas! 
Não se contentam com o que tem 
Querem demonstrar suas forças 
Bandos de imbecis! 
Diga não às armas, 
Diga não à violência 
Deixem os campos florir 
Deixem as crianças sorrir 
Que haja um clamor pela paz! 

 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

Só não quero mais pensar em você

O sentimento puro que o coração pode sentir 
A sensação mais singela que havia no olhar 
Tudo deixou de existir como as cinzas 
Espalhadas na manhã cinzenta pelo vento. 
 A esperança que havia em mim 
Não passou de uma frustração qualquer 
E o olhar que parecia tão sincero 
Tornou-se o pesadelo mais terrível. 
A tristeza toma conta do coração 
Como uma escuridão nas noites mais densas 
O sonho que um dia foi tão real 
Não passa de ilusões perdidas no tempo. 
Não quer ouvir minhas palavras 
Porque sabe que falo a verdade 
Escancaro sua imagem outrora perfeita 
Quando arranco as máscaras da falsidade. 
Não importa os seus passos agora 
Pode caminhar para onde bem entender 
Só não quero mais pensar em você 
E deixar meu coração outra vez sofrer. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

Nada é tão simples assim

A realidade é uma verdade distorcida 
Da qual não sabemos muitas coisas 
E mesmo assim achamos que sabemos 
Qual é a engrenagem da vida 
Porque pensamos ser muito além do que somos. 

 Sou o epílogo de um livro proibido 
Que revela verdades escondidas 
Que a maioria quer esconder dentro de si 
Mesmo sabendo que é impossível 
Porque não se pode ocultar coisas visíveis. 

 O mundo não é um lugar seguro 
Para aqueles que não estão preparados 
Que não sabem o que fazer da vida 
Que vagam perambulando pelo tempo 
Porque o tempo não espera por ninguém. 

 Eu só ouço o que me ensinaram a ouvir? 
Eu só faço o que me ensinaram a fazer? 
O que eu quero para o meu viver 
Importa para mais alguém 
Ou estou sozinho na longa caminhada da vida? 

 Nada é tão simples assim como parece 
E pensar é mais cansativo 
Do que apenas deixar a vida passar em branco 
Como se nada fosse assim tão importante 
Porque não posso ser diferente do que sou. 

 Viver assim é uma incógnita 
Uma verdadeira aventura que parece não ter fim 
Onde nem mesmo as sombras conseguem 
Tranquilizar a mente que busca o saber 
Para acalmar a inquietação do coração. 

 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

Nasce na alma

Fala baixinho as escondidas 
Como se não quisesse que ninguém a ouvisse 
O que gostaria mesmo 
 Era que ninguém percebesse o que sente 
Mas está estampado em seu olhar 
 E não consegue esconder 
Que no coração há um sentimento poderoso 
Um amor que ultrapassa as barreiras 
Que vence os preconceitos 
 E dedica-se ao sentimento. 

O sentimento tão puro que nasceu no coração 
No olhar que parecia tão inocente 
No sorriso que, de tão singelo, 
 Retirou-lhe a respiração 
E como lidar com situações assim 
Se não existe um manual definido? 
Cada pessoa sente algo exclusivo 
Algo que não pode ser explicado em palavras. 

O amor é um sentimento profundo 
Que nasce na alma 
Revela-se através do olhar 
E domina o coração. 

Não há como escapar ao seu abraço 
Quando quer ele aparece 
Com seu jeitinho meigo e singelo 
Domina o sentimento 
Transforma o querer 
E faz a vida acontecer. 

O que seria de nós sem o amor 
Sem esse sentimento tão singular 
Que muda a nossa forma de pensar 
E dissipa toda solidão e dor? 

 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

sábado, 19 de fevereiro de 2022

A sensação mais pura do amor

Quando o coração não tem palavras 
Porque está diante de tanta doçura; 
Os pensamentos voam além do infinito 
E na alma reina a brandura. 

 O seu olhar tem a perfeição 
Revela um tão singelo amor; 
Que não posso deixar de pensar 
Na beleza ímpar de uma flor. 

 Sua presença é tão marcante 
Que transforma qualquer ambiente; 
Trás em seu meigo sorriso 
Uma doce alegria sempre presente. 

 Sua forma linda de ser 
Permite ao coração sonhar; 
Porque em você está o encanto 
A beleza tão única no olhar. 

 A sensação mais delicada do amor 
Vejo em seus olhos brilhar; 
O desejo mais puro do coração 
Vem da sua forma singela de amar. 

 Seu amor é tudo que mais desejo 
É o sonho maior do infinito; 
A razão mais profunda de viver 
Porque o seu amor é tão bonito. 

 Por você faço essa canção de amor 
Exalto a sua forma suave de ser; 
Deixo meu coração aberto a expressar 
Que não consigo mais te esquecer. 

 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

Fragmentos poéticos de esperança

Quero me aproximar de Deus a tal ponto 
Que possa ouvir sua voz sussurrando em meus ouvidos 
Estar mais perto de Deus em oração; 
A oração é tão importante quanto o respirar 
E não posso viver ser a sua graça em minha vida. 
 
Deus é o supremo bem da humanidade 
O seu amor é o mais profundo que pode existir; 
Quem tem esperança em Deus e sua Palavra 
Jamais se desespera 
Porque Deus é o nosso refúgio e fortaleza. 
 
Quando Cristo governa o coração, 
A paz governa o dia; 
Quando o Senhor é dono das nossas ações 
Tudo se torna mais alegre 
Porque a força do Senhor é nossa alegria. 
 
Sem fé é impossível agradar a Deus 
Por isso precisamos exercitar a nossa fé 
Precisamos crer no poder de Deus; 
Fé é acreditar que Deus está presente 
Quando ouvimos apenas o silêncio. 
 
Quando o Senhor toma conta da nossa vida 
Somos e agimos de forma diferente 
Em meio a sociedade que nos cerca; 
Uma vida transformada 
Reflete palavras que edificam. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

Na minha caminhada

Uma só esperança move o meu coração 
O desejo de chegar o mais longe possível 
Na minha caminhada. 
Entre os espinhos do caminho 
Contemplo a beleza das flores 
E a alegria dos caminhantes.
 
Não podemos parar em nenhum momento 
Porque o tempo não nos espera 
E a jornada deve ser trilhada. 
Cada um de nós carrega os sonhos 
Cada um de nós temos os nossos desejos 
E devemos trilhar o nosso caminho. 

Às vezes estamos sozinhos na caminhada 
Outras vezes alguém nos estende as mãos 
E assim é a vida que cada um tem. 
Ninguém poderá carregar a sua cruz 
Ninguém poderá beber a sua taça de cicuta 
Cabe a cada um de nós cumprir o nosso destino. 

Na minha caminhada eu ando livre 
Ando sozinho com meus pensamentos 
Mas ando também com outros caminhantes. 
O caminho a nossa frente é uma incógnita 
Ninguém voltou de lá para dizer como é 
E assim vamos caminhando. 

O caminho que ficou para trás é memorável 
Choramos e sorrimos na jornada 
E a vida continua independentemente 
Do sol ter nascido ou não.

A vida é uma dádiva dada pelo Criador 
E devemos caminhar a nossa jornada 
Confiando inteiramente no seu amor. 

 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

Ao amanhecer

Por mais que se viva uma noite de angústia 
Existe uma nova existência ao amanhecer; 
E os momentos de tristeza que possas passar 
São transformados em uma nova razão de viver. 
 
Por tudo que possas passar na vida 
Só o verdadeiro amor pode ser a razão 
De conduzir a exata paz interior 
E dar serenidade ao coração. 
 
O sentimento pode ser renovado 
No encanto do novo amanhecer 
Quando o amor pode brotar no coração... 
 
Tudo se transforma ao seu lado 
Há uma nova razão de viver 
Porque sua presença dissipa a solidão. 
 
 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

O sofrer pode mudar de lado

Faz de conta que não ouviu 
Vira para o lado e vai dormir 
Como se nada mais importasse no mundo 
Fica a sensação do desprezo 
Pouco caso com quem tanto lhe amou. 
 
Só não entende que o sofrer 
Pode um dia mudar de lado 
Tudo que o coração mais quer sentir 
É a liberdade para sonhar 
Mesmo quando nada mais parece importar. 
 
Se existe uma razão no amor 
Não olhe assim com desprezo 
Entenda o sentimento que descrevo 
Para que possas ver nos meus olhos 
O desejo tão puro ser revelado. 
 
Mas tudo isso é em vão 
Ela sabe bem o que quer e isso não vai mudar 
Precisa se acostumar com a ausência 
Aprender a viver com a solidão 
Porque nada mais existe nesse coração. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

A vida minha que te dei

O tempo que passou por mim 
Foi tão rápido que nem vi 
O olhar era vivo no amanhecer 
Se tornou turvo no entardecer. 

 Quando eu me for não me esqueça 
Porque de ti me lembrarei sempre 
Com os sentimentos mais bonitos 
Da sua doce beleza no infinito. 

 A vida minha que te dei 
Que seja para sempre a recordação 
Que tenhas no seu coração... 

 Se o amor que vi em seus olhos 
Transformou o meu viver 
Jamais vou querer te esquecer. 

 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

Rastros de nuvens

A nossa vida passa muito rápido 
Como rastros de nuvens 
Que muito sutilmente se dissipa 
Tudo é um tédio 
Difícil não ficar para trás 
Porque o tempo da nossa vida 
Já se foi 
Quando menos esperamos... 

Que refrigério podemos encontrar 
Na caminhada silenciosa da existência? 
Nascemos do nada 
E aqui estamos sem uma cartilha de orientação 
Quando menos esperamos 
O tempo já passou dentro de nós 
E tudo se torna lembrança 
Que também se apaga com o tempo 
Como se nunca tivéssemos sido. 

Tudo se desvanece como o nevoeiro 
Afugentado pelos raios de sol 
O nosso tempo aqui é uma passagem 
Que não deixa de existir 
Mesmo que nunca saibamos a realidade 
Que não há regresso 
Apenas o fim que chegará 
Porque a flor do tempo se desvanecerá. 

Quem respeitará as cãs dos velhos? 
Quem olhará para o olhar das crianças 
E lhes dirá essa verdade?
Que em breve não estaremos mais aqui 
O que nos resta é deixar em toda parte 
Os sinais de alegria 
A felicidade do nosso viver! 

 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

domingo, 13 de fevereiro de 2022

Uma singela canção de amor

Só quero que saiba a verdade 
Que não consigo tirar do coração; 
A verdadeira e única felicidade 
Que me fez sair da solidão. 

 Em você encontrei razão de viver 
Na beleza pura do seu olhar; 
Você fez em meu peito renascer 
O desejo intenso e voraz de amar. 

 Tudo foi transformado ao meu redor 
Quando você deu vida ao meu coração; 
Que hoje posso ver o mundo melhor 
E até dizer que não tenho mais ilusão. 

 O amor que vi no seu lindo olhar 
Tirou do meu coração toda dor; 
Deu novo sentido e posso cantar 
Uma singela canção de amor. 

 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

sábado, 12 de fevereiro de 2022

O Cavaleiro com Escudo de Prata que enfrentou o Monstro no Pantanal

O cenário era sombrio e perigoso 
Não se ouvia nada além de alguns coaxar dos sapos no pântano 
Podia sentir os espinhos tentando perfurar-lhe as pernas 
Se não fossem sua proteção de couro 
Presente de um dos ribeirinhos que tinha feito amizade. 
A lua era muito clara e iluminava alguma parte do caminho 
Onde as árvores eram esparsas 
E tentava visualizar com o olhar os perigos que o rondavam 
- Cuidado com as onças - disseram-lhe os ribeirinhos 
- Elas atacam de forma sorrateiras e tem muitas delas por ai. 
Carregava na bainha a sua espada afiada 
E o escudo de prata que havia ganhado de um guerreiro 
Quando, ferido por uma flecha, entregou-lhe como presente 
De um moribundo que sabe ser a sua última hora nesta vida. 
- Que ele possa lhe proteger e dar-lhe vida longa 
Disse o guerreiro antes de sua última respiração 
E seus olhos encheram-se de lágrimas. 
- Socorro! Ajude-me! 
É o grito de uma moça em grande perigo. 
Puxa bruscamente a rédea do seu alazão 
E atenta para a direção do pedido de socorro 
É bem próximo e se embrenha no meio do pântano. 
Com a visão um tanto turva consegue identificar 
 Uma moça presa nas folhagens 
Cipós amarrados em suas pernas a impossibilita de andar 
E a sua frente está uma criatura enorme 
O cavaleiro com o escudo de prata avança com seu cavalo 
Empunha a sua espada e vai em direção ao monstro 
- Não! - Grita a moça - Não faça isso! 
O cavaleiro se detém antes do golpe fatal 
E o monstro olha para ele com um olhar de surpresa 
Assustado com o brilho da espada sob a luz da lua 
Se encolhe em meio ao mato que o cerca. 
- Ele é uma criatura inocente - Diz a moça 
Livre de suas amarras ela vai em direção a fera e a abraça 
- Apenas foi amaldiçoado por uma antiga feiticeira. 
O cavaleiro vê quando ela olha nos olhos do monstro 
E, sob a luz da lua, entende que o amor vai além das aparências 
E a tudo pode superar quando se ama de verdade. 
- Me leve com você! - Ela diz olhando para o cavaleiro 
- Aqui é o lugar dele. 
A moça sobe na garupa do cavalo e eles olham para o monstro 
Que adentra o pântano e some na escuridão 
Enquanto o cavaleiro com escudo de prata segue a sua jornada 
Depois de salvar a donzela perdida. 

 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

Os olhos perdidos lá fora

Será que isso não passa de mais uma de suas mentiras 
Arquitetadas no confuso pensamento de sua mente 
Parafusos soltos que provocam amnésias 
Desconfortos lúcidos de tempo imemoriais 
Desejos reptilianos 
Até insanos 
De uma eternidade inexplicável aos olhos humanos. 
 
No seu grito retumbante pede silêncio 
Paradoxos de gargalhadas na noite fria do tempo 
Como se tudo não passasse de mera ilusão barata 
E tudo que sabe fazer é chorar 
Quando deveria acordar 
Para a realidade a sua volta e tentar desvendar 
Se tudo isso é real, surreal ou hiper-real. 
 
Nada importa mais do que o silêncio constrangedor 
De quem nada mais tem a perder 
Só mesmo os olhos perdidos lá fora a vislumbrar 
Como se o arco-íris aparecesse sempre depois da chuva 
E sabe que isso não é tão comum assim 
Como os olhos perdidos 
Por tanto tempo esquecidos 
Na gaveta do armário no fundo do quarto escuro. 
 
E agora só o silêncio mesmo para revelar 
O que as palavras não conseguem dizer 
Porque o tempo parece ter sucumbido a muito tempo 
E esse paradoxo vive a perseguir 
E tudo mais parece iludir 
O sonho que voa levemente nas nuvens do pensamento. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

Fúria de titãs

Noites intermináveis perturbam a mente 
Corpos a rolar pelo escuro 
Tateando o ar como se buscassem a salvação 
Pesadelos e tormentas de vidas 
Que lutam contra o destino tão injusto. 

No Olimpo os deuses brincam e dão gargalhadas 
Enquanto se esbaldam nas taças de vinhos 
Desprezam a dor alheia 
E não se importam com a batalha interna 
Dos que sofrem as suas mazelas. 

São figuras estampadas no olhar cansado 
De vítimas produzidas pelo desprezo 
Não se dão ao luxo de pensarem 
Que poderão enfrentar a fúria dos titãs 
Porque um dia eles se revoltarão. 

A tormenta segue o seu fluxo nas noites de solidão 
Onde desejam esquecer o que não pode ser esquecido 
E a busca pelo refúgio se perde na incerteza 
Nas águas turvas e violentas do mar da existência 
Onde tudo parece ser mais aterrorizante. 

Na busca pela liberdade eles tem que prosseguir 
Precisam ignorar as ameaças dos deuses 
E tentar encontrar em algum lugar a tão sonhada paz 
Que traz alento ao coração angustiado 
E precisam acreditar que isso é possível. 

 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

Sentimental eu sou

Ouça minha voz que sussurra em seu ouvido 
Destila a canção do coração 
Na esperança de descrever a sensação 
O sentimento que palpita o pensamento 
E tudo leva a outra dimensão 
Porque há no fundo uma única razão 
Que é amar os seus lindos olhos misteriosos 
Que provoca o desejo 
No instante de um beijo 
Que possa mostrar o que está no coração 
E dizer de forma simples 
O quanto sentimental eu sou. 
 
Ouça minha voz no silêncio da manhã 
Imaginar o seu corpo despido 
A flecha atirada pelo cupido 
Fazer o sonho de outrora acordar 
Se a única razão de viver é sonhar 
Com os seus lindos olhos misteriosos 
Que acaba de despertar os meus pensamentos 
Sem saber o quanto sentimental eu sou. 
 
Por isso canto essa singela canção 
Que tem o objetivo alcançar seu coração 
E dizer-lhe o quanto amo a sua presença 
Que me assusta pensar em sua ausência 
E que, por isso, quero sempre, ao seu lado estar, 
Porque não há outra razão melhor 
Do que a sensação maravilhosa que é te amar. 
 
 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

O Homem é um animal

Se conhecêssemos a nossa natureza humana 
Saberíamos o qual incapazes somos. 
Míseros humanos que carregam a soberba na frente do nariz. 
Quanto mais estudamos descobrimos a nossa ignorância 
Mas, não damos valor a isso, 
Ou pelo menos, não aprendemos com isso. 
Você pensa que tem o controle e, descobre, de forma trágica, 
Que não é possível ter o controle de coisas que você não conhece. 
Deveríamos ser mais humildes 
Para reconhecer a nossa incompetência, 
Mas não somos. 
A soberba da vida corrompe o nosso âmago 
E acreditamos que regemos o mundo. 
Sem saber que a maldade ronda o nosso cotidiano. 
E a dor da decepção por saber qual limitado você é deixa-nos confuso. 
Quero sair dessa prisão. 
Ser livre e voar os espaços da plenitude celestial. 
O homem é um animal miserável 
Que necessita urgentemente da misericórdia divina. 
A alma é dilacerada com a descoberta da sua insignificância. 
Pensamos na carreira prospera 
E nos deparamos com as valas da decepção. 
Choramos a ausência de quem nunca esteve presente 
E, mesmo assim, sonhamos 
Com a sua volta que nunca vai acontecer. 
Os sonhos são castelos de areias 
Que desfazem-se com as ondas do mar. 
Restam os desejos que sobrepujam nossa alma sedenta de realizações. 
Olhamos as vitrines e expomos as paixões que nos cegam. 
Seria tão bom poder apenas ver o pôr do sol 
E contentarmo-nos com sua beleza. 
No entanto, não é isso que nos satisfazem. 
O coração tem anseios de coisas que não nos farão bem. 
As tristezas sufocam a alegria quando deveria ser o contrário. 
O dia da morte é melhor que o dia do nascimento. 
E viva o controle absoluto dos instintos animalesco. 
O lobo uiva nas paragens mais escuras da noite 
Seu grito ecoa no silêncio sepulcral de nossa existência falida. 
O filho pródigo recorre as bolotas que o porcos comem 
Para acalmar o seu estômago vazio. 
Mas, a alma continua com fome. 
O animal deita na relva. 
Esta cansado da fadiga. 
Passou o dia correndo atrás da presa e não acalmou a sua fúria. 
Somos o caos da criação. 
E a solução é a misericórdia que está sendo oferecida. 
Desçamos do pedestal onde nos colocamos 
Deixemos o trono da soberba e vivamos uma vida de humildade. 
Quem sabe assim seremos resgatados. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense