No calor de um verão escaldante
Ou em uma manhã gélida e tórrida
Quando não se sabe muito bem o destino
E a porta parece estar sempre trancada
Para que ninguém saiba o que tem do outro lado.
Uma civilização lá embaixo grita
Acenam com suas mãos levantadas para que pulem
Mas quem olha do alto parece ver apenas o abismo
Com sua bocarra totalmente escancarada
E não se sabe se alguém conseguiu voltar de lá
Porque todas as almas ficaram no esquecimento.
No alto de uma torre uma antena parabólica
Parece estar de ouvidos abertos ao infinito
Buscando saber as últimas informações
Que saem das salas secretas do submundo
Com as coordenadas das bombas atômicas
Que haverá de varrer o planeta um dia.
Uma moça com seu fone de ouvido e olhar fixo na tela
Não percebem o furo no acento do ônibus
Quando saiu para trabalhar nesta manhã
E nem os olhares maliciosos de alguns homens
Enquanto ela se sentava despercebidamente
Para que pudesse chegar em seu local de trabalho.
Pode-se perceber uma certa mediocridade cosmopolita
Nas classes médias que perambula pela cidade
E um coma profundo nos rostos pálidos do proletariado
Que revela uma angústia velada nas faces felizes
Que estão estampadas nas páginas das redes sociais
Revelando uma incoerência fantasiosa absurda.
Alguém até pensa que na próxima esquina
Encontrará algo melhor do que o que viu até agora
Mas tudo não passa de um ledo engano superficial
De uma geração que já não consegue enxergar
Nem mesmo um palmo diante dos seus narizes
Atolados que estão nas telas de seus smartphones.
Tecnologias que possibilita o estabelecimento
De mentiras cotidianas para mascarar a realidade
Tudo é fabricado para enganar e ludibriar
Os que desejam apenas uma falsa sensação de felicidade
E são contemplados com as propagandas comerciais
De mentiras que possam realizar os seus sonhos.
Esse pode ser apenas um discurso de um cara comum
E você pode ignorar completamente
Não me importo de jeito nenhum com isso
Mas a realidade além das aparências
Um dia ou outro há de ser esclarecida para todos
Porque é assim que a vida segue o seu curso.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense
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