terça-feira, 30 de novembro de 2021

Sozinho

O único medo que pode existir 
Que causa pavor 
Estremece a alma 
É o medo da solidão que apavora 
Que muitos tentam evitar 
Mas que não conseguem 
Porque está dentro de cada um. 
Existem pessoas que não dá conta 
Não podem explicar a sensação 
De estar sozinho. 
Ando pela cidade e vejo os olhares 
O medo estampado nas faces 
O desespero nas almas inquietas 
Que não conhecem o seu destino. 
Por mais que queira 
Eu não consigo me adaptar 
Não faz sentido 
Esse caminho que essa gente segue 
Não é o caminho que vou trilhar 
E pode me execrar por isso 
Nada importa mais do que a liberdade 
O sossego de uma vida tranquila 
Onde posso lutar com meus monstros 
E vencer a minha própria solidão 
Nunca estarei sozinho 
Porque esse medo não existe em mim. 

 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

segunda-feira, 29 de novembro de 2021

Invisibilidade

Quem sou eu em meio a multidão 
Um cidadão que não existe 
Na sociedade da exclusão 
Se não existo para o Estado 
Quem sou eu então 
Apenas uma escória da sociedade 
Hipócrita, ladrão 
Que rouba a nossa identidade 
E a invisibilidade faz parte da nação. 

 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

domingo, 28 de novembro de 2021

Que eu saiba

Que o Senhor possa cuidar da minha vida 
E que eu não venha cair nas armadilhas 
De um mundo corrompido 
Pela busca desenfreada 
Pelas riquezas materiais. 
Que eu possa ser cheio da graça de Deus 
Que sempre esteja contente com o que tenho 
E que faça a obra de Deus 
Com zelo e dedicação. 
Que eu saiba cuidar do espírito, 
Da alma e do corpo 
E zelar pela sã doutrina de Cristo! 

 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

sábado, 27 de novembro de 2021

O cavaleiro, a morte e o demônio

O cavalgar lento agora do equino contrasta com sua fúria de minutos atrás 
E possibilita ver algumas flores entre as rochas das montanhas 
O caminho é íngreme e traiçoeiro 
E pode sentir ainda na nuca o bafo quente da sua perseguidora 
Silenciosamente ela sorri entre as sombras 
Deixando transparecer que ela sabe exatamente em qual encruzilhada 
Ele chegará em seu destino final. 
Em seu ombro um pequeno ser crava suas garras cada vez mais forte 
E sussurra palavras em seus ouvidos: 
"Você não é nada, diz o pequeno gênio com voz embargada, 
Não passa de mais uma marionete nas mãos dos poderosos" 
"Você acreditou nas palavras de um imbecil 
E acreditou mesmo que pudesse chegar ao paraíso por isso?: 
"Tolos! Todos vocês são tolos em acreditar nessas coisas" 
Em sua memória vem o olhar de sua linda esposa 
Deixada sozinha a mais de dez anos 
Enquanto ele saia para conquistar bravamente a sua liberdade 
A espada ainda jorra o sangue 
E não consegue dormir por causa dos gritos de horrores 
Das vidas que tirou ao fio da espada. 
Seu cavalo parece ler seus pensamentos 
E pode ver, em meio a escuridão, a foice brilhar 
Nas mãos daquela que está sempre a acompanhá-los. 
Em sua perseverante perseguição 
Ela espreita em cada folha das poucas árvores existentes 
Está atrás das grandes pedras 
E voa com as nuvens que cobrem a luz da lua. 
"Você abandonou a sua esposa e nem sabia que ela estava grávida, 
O demônio sussurra em seus ouvidos e suas palavras são como adagas afiadas 
Cravam seu coração e o sangra. 
"Se realmente fiz isso, pensa consigo mesmo, mereço a morte mais horrível 
Entrego-me a você que espreita-me pelo caminho". 
Nunca a viu sorrir, mas sabe que ela está triunfante 
Sua hora chegou e lamenta não saber ter feito as escolhas certas 
Poderia ter sido feliz ao lado de sua donzela 
Quem sabe teria visto as crianças correrem pelo cercado 
Teria vivido uma vida simples em uma pequena cabana nas montanhas 
Mas preferiu a ambição da conquista militar 
Afinal era um cavaleiro precisava ter honra. 
Sente um vento frio percorrer a sua espinha 
Quando ouve o som impetuoso de uma flecha que rompe o silêncio 
Apenas sente a sua ponta afiada penetrar sua armadura 
Em fração de segundos toda sua vida passa diante de seus olhos 
O demônio bate as suas asas e se distancia dele 
Enquanto a morte sorri levemente sabendo que venceu mais uma vez 
Seus olhos se fecham lentamente e agora só resta um silêncio mortal. 

 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

sexta-feira, 26 de novembro de 2021

Horas silenciosas


Era sempre a mesma história 
A mesma tentativa de ludibriar a alma inquieta 
Procurar refúgio no silêncio 
E apagar das memórias as tristes lembranças 
Que nem mesmo o tempo conseguia dissolver. 
 
Tudo é tão estranho agora 
Até mesmo o silêncio é perturbador 
Como se não houvesse mais o futuro 
E nem esperança de dias radiantes 
Porque no horizonte não se vê nada mais. 
 
Houve um tempo que não se esquece 
De horas e horas silenciosas 
Onde podia se ouvir a chuva caindo no telhado 
E junto aos trovões bradavam a voz 
Do sentimento que nunca percebera. 
 
Não se corre atrás das folhas 
Quando são levadas pelo vento 
Nem se pode parar o riacho com a força da mente 
Se soubesse desses detalhes 
Poderia ter ouvido a voz do coração. 
 
No infinito que se depara agora 
Tudo é tão fosco que não se vê nenhum olhar 
Nem pode sentir as mãos macias 
Que acariciavam os seus cabelos 
Na noite eterna do tempo que passou. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

quinta-feira, 25 de novembro de 2021

Eu te conheci quando mais precisava

    Meu amor... 
 
    Eu quero apenas que sinta o aroma do melhor alimento para sua alma. Quero que deixes descansar em meus braços toda a sua dúvida e permita-me amar os seus olhos. Quando os vejo, eu sinto em meu coração a melodia do amor. Eles transmitem a mim a esperança de vida. Eu amo cada segundo em que os vejo brilhar. Mesmo que você queira negar com as palavras, seus olhos revelam o seu coração. Isso é bom porque me faz acreditar no sonho do amor verdadeiro. Me faz crer que posso ser feliz sim e que a felicidade existe em você. 
 
    Eu te conheci quando mais precisava de uma pessoa com suas qualidades. E, com o passar do tempo vou aprendendo a te amar com mais intensidade. Suas palavras sempre tão coerentes me faz pensar sobre a minha vida e mudar minhas atitudes. Quero sempre poder contar com o seu apoio que é fundamental em minha vida. 
 
    Eu poderia, aqui, falar do seu sorriso, do seu encanto quanto olha para mim, da sua alegria e das suas dores. Mas, não vou dizer porque, às vezes, as palavras não conseguem traduzir fielmente as verdades que precisam ser ditas. Mas, em todos os momentos você é incrível. Até mesmo quando está zangada. Em seu gesto de carinho revela-se um amor que não posso explicar em palavras. Por isso, deixo apenas o coração falar por mim mesmo. Dentro dele mora um sentimento puro e verdadeiro que quero deixar só para você. Obrigado por dar luz e esperança à minha vida! Te amo muito! 
 
Para Cleonice Godoi com muito amor e carinho. 
 
Carta: Odair José, Poeta Cacerense

quarta-feira, 24 de novembro de 2021

Não se pode matar as palavras


Tentou matar as palavras 
Queria mesmo sepultá-las no mais profundo que pudesse 
Rasgar as folhas e soltá-las pelo vento 
Afogá-las em suas lágrimas 
Riscar do mapa toda e qualquer lembrança 
Simplesmente que elas não mais existissem... 
 
Triste solidão deste ser humano 
Será que não sabe que as palavras são imortais? 
Não se pode matar as palavras 
Elas existem antes mesmo de existirem 
Na imaginação de quem escreve 
E elas permanecem para sempre 
Em folhas amarelas 
Rasgadas pelo tempo 
Rabiscadas 
E lá estão as palavras 
Que tentaram assassinar pela fúria da desilusão... 
 
Não se pode matar as palavras 
Que agora formam esta mensagem poética 
Que atravessa o tempo 
Descortina a imensidão 
E vai parar direto no seu coração. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

terça-feira, 23 de novembro de 2021

Você ainda acredita no amor?

Navego nuvens e ondas perfeitas na imaginação 
Longe de olhares turvos 
Indecisões que atrapalham a vida inteira 
Decepções na alma que sente o vazio existencial 
E não tem nenhuma resposta plausível 
Nem mesmo esperança de encontrar paz no futuro.
 
Você ainda acredita no amor 
Quando você olha para as pessoas a sua volta? 
Quando você se depara com mãos trêmulas estendidas 
E pode ver o mais profundo olhar de incerteza?
 
Você ainda acredita no amor 
Mesmo quando percebe que não pode fazer nada 
Que mude a sensação de frustração nos indivíduos 
Que perambulam pelas ruas frenéticas das grandes cidades? 
Onde está o olhar de compaixão 
A mão estendida para o mais fraco da sociedade? 
Haverá um dia diferente na existência humana 
Onde alguém poderá cantar uma canção de amor 
Que realmente faça sentido aos ouvidos dos sofredores?
 
Permita-me dizer-lhe o que penso 
Questionar a minha própria existência 
Porque não quero ser apenas um sino que tine 
Nem o lampejo da inspiração que se esvai com o tempo.
 
Não faça nada se você não quiser fazer 
Porque você não é um escravo do destino 
É apenas mais uma alma que navega os mares da eternidade 
Na busca incessante para respostas que nunca existirão.
 
Tudo isso não passa de conjecturas 
Falácias de um tempo tão confuso como um dia de neblina 
Porque se você pensa que é tão bom 
Então responda a pergunta inquietante 
Você ainda acredita no amor? 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

segunda-feira, 22 de novembro de 2021

Faz de conta...

Um leve sorriso no canto da boca 
Que pode ser visto também no olhar 
Como se fosse a promessa da primavera 
Nas noites lindas de luar. 
 
Sabia que o coração não podia resistir 
Nem mesmo deixaria de sonhar 
E por mais que havia prometido a si mesmo 
Sabia que não poderia o desejo dominar. 
 
Tudo agora estava envolvido 
No lindo olhar que não podia esquecer 
Nem que tentasse um faz de conta 
Não saberia longe dela agora viver. 
 
 Se há amor por onde ela passa 
Sabe que deseja para sempre lembrar 
Os olhos meigos e o sorriso singelo 
Que o fizeram loucamente se apaixonar. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

domingo, 21 de novembro de 2021

Depois dos corações, as pedras

Um olhar no princípio despretensioso 
O rubor bucólico na face 
A timidez do momento 
Na beleza do luar 
E um amor que nasce no coração... 

 Há corações feridos pelo caminho 
Saudades que não passam 
Asas que não voam mais 
De pássaros que estão pelo chão 
Junto as pedras silenciosas. 

 Fale-me de sua dor tão profunda 
Que agora vejo nesse olhar 
Depois dos corações, as pedras 
Que clamam pelo jardim 
Na solidão de uma singela lembrança. 

 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

sábado, 20 de novembro de 2021

Ser negro

Quem um dia inventou a história 
De que a cor negra era uma maldição 
De que foi o castigo imposto a Caim 
E o flagelo destinado a Cão? 

 Quem um dia inventou a história 
De que o negro tinha que ser escravos 
Para satisfazer interesses de senhores 
Que se consideravam os bravos? 

 Por que mesmo em nossos dias 
Onde nos encontramos tão civilizados 
O racismo e preconceito insiste em existir 
Mesmo que de modos velados. 

 Por que insistem em afirmar 
Que a coisa tá preta no ruim momento? 
E definem uma cor para as coisas más 
Fixando isso no pensamento. 

 Consciência negra é para reflexão 
Dos nossos atos e ideologia 
Somos todos iguais nesta vida 
E devemos viver em harmonia. 

 Ser Negro é ser humano 
Com um carinho profundo 
Tem uma vida em nada diferente 
Das outras raças do mundo. 

 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

sexta-feira, 19 de novembro de 2021

Feche a porta ao sair

Durante muito tempo 
Demonstrei a você o meu amor;
Mas você nunca quis saber 
E a esse sentimento não deu valor. 
 
Agora diz que vai embora 
Porque uma nova vida quer viver;
Sem perceber que meu coração 
Pode, aos poucos, morrer. 
 
Feche a porta ao sair 
E deixe comigo a saudade;
Que o tempo mostre a você 
Que aqui estava a felicidade. 
 
Chorarei a sua ausência 
No silêncio da minha solidão;
Mas, se voltares um dia, 
Tens aqui meu coração. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

quarta-feira, 17 de novembro de 2021

Não sei andar sozinho


Fiquei olhando o celular
Ele cortou o silêncio depois do amor
Instantes mágicos substituídos 
Pela agonia de imaginá-la em outros braços. 
Do outro lado da linha alguém a chamava. 
- Espere uns minutos – disse ela. 
Que forma de amor passageiro é esse? 
Que forma substancial de levar a vida? 
Quais as palavras saem de seus lábios após estar comigo? 
O coração tem razões que a própria razão desconhece, já dizia o sábio. 
Se não existe amor o que une dois corpos? 
O anseio de carinho, afeição ou pura obstinação de se entregar? 
O amor é um sentimento tão cruel. 
Ele tira a nossa paz. 
Não sabemos andar sem ele e tropeçamos nele. 
Amar-te é meu destino e, essa vida, 
Levarei até os últimos dias de minha existência. 
Seus olhos meigos revelam uma ansiedade de viver grandes paixões 
Sem perceber que nas grandes paixões 
Estão as grandes desilusões da vida. 
Uma noite de prazer pode ser repentinamente, 
Substituída por um dia de tristeza. 
A vida passa 
E fica o que fizemos de bom no pouco que foi nos dado para fazer. 
Seu sorriso, uma vez tão espontâneo, 
Revela um amarelo de infelicidade. 
Realmente, o anseio de viver grandes aventuras 
Trazem consigo a desconfiança de um futuro sombrio. 
Minha noite é longa. 
Pois nela não consigo dormir. 
Meus dias vão se acabando 
Como a primavera e o inverno não termina. 
Não sei andar sozinho. 
Meus sonhos se foram como um dia de verão. 
Procuro tatear com as mãos um alento para que isso passe. 
Os momentos são de angustias e sofrimento. 
Então pergunto ao Criador: 
- Tu esquadrinhas o coração? 
- Teus olhos tudo vê? 
- Onde estão os passos dela? 
Não obtenho resposta. 
Então, outra vez suplico: 
- Tu não és aquele que dás o sono? 
- Porque não consigo dormir? 
Triste vida a minha. 
Em cada amanhecer uma nova esperança. 
Voltarás um dia? 
Terei o seu corpo junto ao meu e também o seu coração? 
Responda-me, por favor! 
Sigo nessa tristeza até o dia em que voltar a sorrir comigo. 
Espero-te como o preso espera sua liberdade. 
Desejo-te como o cego deseja ver a luz do dia. 
Amo-te como a abelha ama o néctar. 
Você é a luz que ilumina minha vida 
E o calor que me aquece do frio. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

Anjos

O caminhar era tão lento 
Que poderia até descansar sob às sombras 
Nem medo sentia 
O calafrio não permanecia 
Apenas poderia sentir saudades 
Viver na solidão 
Sentir que a esperança um dia existiu 
E tudo não passou de um sonho 
Os anjos voaram 
E nem percebeu 
Que as asas eram enormes 
Assim como suas espadas 
Que o havia protegido durante a vida 
Na caminhada eterna 
Sabia que não estava sozinho 
Nunca estivera. 
Como eles vieram até nós? 
Ministradores e protetores 
Que viram a presença do Criador 
Os anjos que vivem na eternidade 
E cantam alegremente a canção da vida 
A esperança do alvorecer. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

segunda-feira, 15 de novembro de 2021

Prefiro não escrever

Não vou mais escrever 
Nada 
Não devo escrever o que penso 
Não irei escrever 
Mais nada 
Nada mesmo 
O silêncio da escrita 
O estalar do teclado 
Nada se ouvirá jamais 
Prefiro não escrever 
Vou ler, vou pensar, vou falar 
Mas não vou escrever 
Sou o escriba que não escreve 
Porque não quero mais escrever 
Nada 
Nenhuma palavra mais devo escrever 
Nas linhas de um caderno 
Não se verá mais a minha escrita 
Provocativa 
Melancólica 
Incompreendida 
As minhas palavras preferem não existir 
Eu não vou mais insistir 
Não vou mais escrever. 

 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

Serafins

Era como se tivesse acordado de um sonho 
Uma realidade totalmente diferente 
Uma viagem ao infinito 
Ao desconhecido 
Coisas inefáveis que sua mente ainda não conhecia 
Um segredo muito bem guardado 
No coração sempre angustiado. 

Como um raio de luz 
Viajou os espaços infinitos 
De galáxias distantes e inabitadas 
Ouvindo o rufar das longas asas brilhantes 
Como a luz mais forte do sol. 

Seis asas em cada um deles 
Tão magníficas que não podia contemplá-las 
Não por muito tempo como gostaria 
E até poderia imaginar o sorriso 
No rosto de seres tão celestial. 

Nada no mundo poderia apagar a sua felicidade 
O prazer indescritível de voar com eles 
Os serafins 
Na mais linda e comovente viagem 
Ao mundo invisível da existência do Criador. 

 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

domingo, 14 de novembro de 2021

Querubim

Montou um querubim e voou 
Sem direção certa 
Apenas deixou-se ser guiado pelos pensamentos 
Por isso não viu a terra ser abalada 
E nem ouviu os gritos de desespero 
Dos que tombavam pelo chão. 

Se o coração deixou-se ser seduzido 
Os seus passos foram desviados do caminho 
Sentia as cordas apertarem suas mãos 
E lembrou-se das viúvas 
Dos órfãos que deixou morrerem sozinhos 
Como se fossem todos destinados a isso. 

Um dragão cruzou o seu caminho 
As nuvens estremeceram 
Não via mais o querubim 
Sentia apenas que caia no espaço 
E sabia que a morte era tão real 
Quanto a vida medíocre que tivera. 

Por que somos tratados como animais? 
Por que caímos nas armadilhas do tempo? 
Faze-me entender tudo isso, disse ele angustiado 
Sem saber que tudo havia chegado ao fim. 

Trocaram a noite pelo dia 
E tentou até mesmo ver através do espelho 
Se eu olhar a sepultura como a minha casa, pensou 
Poderei estender os lençóis da eternidade 
Na confortável sensação do não existir. 

São apenas sentimentos sem sentidos? 
Sonhos tão surreais que não existem? 
Assombrado para sempre, então, estará 
Se quiser viver outra vida 
Além da que um dia pensou estar vivendo. 

 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

sábado, 13 de novembro de 2021

48

E eles chegaram, os 48 
Cheios de vida e novas esperanças 
Com novas expectativas 
Novas concepções de vida 
Sabendo um pouco mais do que ontem 
E tendo consciência 
De que hoje sei menos 
Do que saberei amanhã. 
A vida é um eterno aprendizado 
Estamos atentos a isso? 
Um dia a mais de vida que vivi 
Um dia a menos de vida que viverei 
E o tempo não para 
E os sonhos se renovam 
No horizonte a despontar 
Na subida da vida. 
Sou eternamente grato ao Criador 
Pela oportunidade da existência 
Pelos pensamentos 
Pela consciência de ser uma pessoa especial. 
Quanto ao futuro 
Ele pertence a Deus 
Quero apenas viver cada dia 
Com muito amor e alegria 
Como se fosse o meu último aqui nesta terra. 
Aos amigos e as pessoas que me amam 
Deixo o meu mais sincero abraço de carinho 
A melhor parte da vida 
É saber que você significa algo para alguém. 
48 anos! 
48 primaveras de fato! 
E eu estou muito feliz por tudo! 

 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

sexta-feira, 12 de novembro de 2021

O epílogo dos 47


É aquela sensação única 
De ter cumprido mais uma etapa na vida 
Mais um degrau que alcancei com o êxito de um jovem 
Mesmo sabedor que é mais um dia que termina 
Um dia a menos para viver neste planeta 
Por isso a sensação de partilhar os sentimentos. 
A vida é uma maravilha 
É uma sensação tão maravilhosa poder desfrutar 
Poder vivenciar a plenitude da alegria 
Do desconhecido a nos esperar 
Do outro lado da margem. 
Eu apenas deixo-me viver cada minuto 
Observo cada rosto a minha volta 
Cada sorriso tem uma história 
Cada olhar me revela algo 
E o tempo vai passando lentamente 
Me dizendo que o fio da vida está mais curto. 
Alegro-me em estar aqui 
Em poder registrar estas singelas palavras 
Saber que muito tempo tive na vida 
E não saber o quanto ainda me resta pela frente 
Me faz pedir sabedoria ao Criador 
Para saber contar os meus dias. 
Este é o epílogo dos meus 47 anos 
O último dia de uma trajetória proveitosa 
Cheia de lembranças e envolta em novas esperanças. 
Estou aqui para partilhar as minhas alegrias 
As minhas conquistas 
E lembrar-me de que o tempo não para 
Que um dia não mais estarei entre os vivos 
Mas minhas memórias estarão. 
Amanhã é um novo dia e uma nova aurora 
Que nascerá (ou não) para mim! 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

quinta-feira, 11 de novembro de 2021

A última lua escondida nas montanhas

 Confesso que tentei esconder-me 
De forma nenhuma queria ser mais uma presa 
Como muitas vozes já haviam me alertado 
Do veneno sedutor 
Daquele singelo olhar. 
 
A última lua escondida nas montanhas 
Sempre me fazia pensar em você 
Era como se não existisse mais nada 
Que fosse tão importante 
Do que aquele olhar. 
 
 Mas como não há esperança para os mortais 
Que vagueiam pela terra perdida 
Eu não consegui me ocultar da armadilha 
Que estava misteriosamente 
Escondido naquele olhar. 
 
Como um cego no caminho obscuro do abismo 
Meus passos foram sorrateiramente traídos 
Pela magia escondida nos olhos da deusa 
Que guardava em sua face 
A beleza daquele olhar. 
 
E desde então tudo mudou na minha vida 
Que não pode mais esquecer os encantos 
A sensação maravilhosa que preenche o coração 
E leva os pensamentos a imaginar 
A beleza do seu olhar. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

quarta-feira, 10 de novembro de 2021

Quarto vazio

Busco um caminho para a minha fuga 
E corro desesperadamente sem mesmo olhar para trás 
Sinto o vento frio cortar o meu rosto 
Que queima profundamente como uma floresta em chamas 
Onde procuro me esconder de uma dor 
Que persiste em atormentar-me. 
 
Tento fugir deste epicentro de tormento 
Como se fosse possível fugir da realidade 
Qual espada cravada em meu peito 
A saudade faz doer as lembranças do tempo 
O sorriso quase imperceptível 
E o olhar de um misto cheio de enigmas 
De alguém que parecia ter o mundo aos seus pés. 
 
Sinto-me enclausurado numa espiral de eventos 
Que não faz sentidos acontecerem dessa forma tão explícita 
Sem dar-me a oportunidade de rasgar o coração 
Para escancarar toda a revolta contida em mim 
Por não dar razão aos meus sentimentos de outrora 
E esquecer os dias tão amargos que vivi. 
 
Afundo-me neste tornado de extremos 
No paradoxo que desejo estampar no meu rosto incrédulo 
Se por um lado tenho a esperança de ver esses olhos 
Por outro, almejo que nunca tenha tal visão outra vez 
Para não dar vazão ao sentimento 
Que já foi de todo sepultado para sempre. 
 
Um simples bater de asas num recanto do universo 
Causa a catástrofe em que vivo 
O dilema de uma vida prisioneira de desejos 
E sentimentos tão atrozes que fazem o peito delirar 
Mesmo quando tento fechar os olhos para dormir 
As lembranças dançam nas nuvens 
Fazendo-me sonhar com o eterno retorno 
De um anjo que tem suas asas quebradas no silêncio 
Da solidão escondida na penumbra do quarto vazio. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

terça-feira, 9 de novembro de 2021

Preconceito social

Um olhar atravessado 
Desdém 
Uma acusação injusta 
Atravessa a fila 
Sabe com quem está falando? 
Uma gorda 
Bêbada 
Cabelos pintados 
Tatuagens 
Descaso da sociedade 
Negra 
Mulata 
Da cor do pecado 
Do cabelo ruim 
Onde é o seu lugar 
O que faz aqui? 
Noiado 
Marginal 
Sem lugar no mundo 
Até quando 
Racista 
Estará em ti 
O patriarcado 
Herdado 
De uma cultura ancestral. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

segunda-feira, 8 de novembro de 2021

Não espero que volte

Fecho os olhos e contemplo você. 
Meiga e singela como a mais linda flor. 
A imaginação voa como pássaro alado 
Em busca do seu sorriso... 
Você que sempre iluminou a minha vida 
Foi sempre o sol que aquecia o meu amanhecer... 
Fez-me amar e sentir o amor 
Alegria e prazer em viver. 
O sonho que sonhava acordado 
Realizar ao seu lado. 
Fantasia de inúmeras noites em que te amava com ternura 
No infinito das estrelas. 
Quando você partiu 
Um estranho silêncio invadiu minha alma. 
A tristeza de hoje é a ausência de você. 
Não sei compreender o tempo que insiste em não passar. 
Ao fechar os olhos já não te vejo. 
A angustia das noites são terríveis e fere a minha alma. 
Não espero que volte, 
Por mais que te desejo 
Não imagino isso. 
Fiz-me amigo do silêncio e com ele te imagino. 
Meu coração te pertence 
Mas minha vida não mais. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense