terça-feira, 31 de maio de 2022

Outra vez perdido

Perco-me em seus olhos meigos 
Que fascinam a minha imaginação 
Tortura-me a alma 
Desesperadamente, chora meu coração. 
 
Durante um longo tempo 
Quis você distante de mim 
E minha vida seguia o destino 
Até ver-te outra vez tão bela assim. 
 
Querendo dar paz ao coração 
Refugio-me na distância do sonhar 
Outra vez me encontro perdido 
Na infinidade do seu olhar. 
 
Pergunto-me qual decisão tomar 
Na encruzilhada do viver 
Se me entrego ao amor que suspiras 
Ou vivo distante de ti para esquecer? 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

segunda-feira, 30 de maio de 2022

Se você diz que é verdade

Poderia ter permanecido em silêncio 
E continuar confundindo a minha mente 
Se você diz que é verdade 
E não é exatamente isso 
Você mente. 
 
E se você mente assim 
É porque não quer revelar a verdade 
Que está estampada em seu olhar 
Que ainda não conseguiu esquecer 
Tudo que um dia viveu 
O sentimento que não morreu 
No profundo do seu coração. 
 
Por que insiste em tentar esconder 
O sentimento tão puro?
Quer permanecer no escuro 
Que te oferece a solidão 
Sem saber que não pode 
Esconder o que revela o coração. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

As defesas do coração

 Por alguma fração de minutos parou a sua vida 
Aquele olhar penetrou a sua alma 
Agora não teria mais calma 
Depois de ver tamanha beleza diante de si 
O que fazer quando as defesas do coração são rompidas? 
Quando o olhar é tão fascinante 
Que destrói qualquer fortaleza 
E preenche todos os espaços do pensamento? 
Assim é ela com seu encanto 
Com sua forma singela de ser e de olhar 
Tal como uma flor na primavera 
Os corações indefesos irá conquistar. 
Agora és prisioneiro 
Dos olhos tão misteriosos 
Que invadiu o seu coração de forma tão profunda 
E só resta deixar que o amor aconteça 
Como está destinado a ser. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

sábado, 28 de maio de 2022

Uma grande serpente segue engolindo o horizonte

Aqui neste silêncio do amanhecer 
Palavras escritas fluem pelas veias 
Como essência de vida que incomodam 
Mentes medíocres que insistem em permanecer à minha volta 
Quando desejo libertar-me de toda essa angústia 
Que corrói o intelecto. 
 
Escrevo porque preciso ver o desmascaramento da pólis
Revelar o mais sórdido conselho 
Realizado às espreitas nos grandes salões 
Com as figuras mais emblemáticas 
Que acreditam piamente serem donos de tudo isso. 
 
O entorpecimento enfumaçado da poluição da cidade 
Deturpam os mais sensíveis olhares 
Que realmente poderiam enxergar os acontecimentos 
E são impedidos pela fúria incontrolável 
Dos trogloditas de plantão abraçados a sua inércia corriqueira 
Impedindo quem quer que seja que deseja alcançar o sucesso. 
 
Uma grande serpente 
Segue engolindo o horizonte diante de nossos olhos 
Destruindo os sonhos até então possíveis de realização 
Mas que são varridos para baixo dos tapetes 
Escondidos a meia boca pelos salafrários 
Que só desejam a destruição da moral. 
 
Fantasmas pelos becos sórdidos da metrópole 
Espreitam as pobres vítimas indefesas 
Que buscam auxílio pelas madrugadas 
Esperando que coisas boas possam acontecer 
E sabemos que nada pode mudar esse caos fantasmagórico. 
 
Procuro a fé dentro das extinções das crenças 
Para que veja esperança na humanidade que ai caminha 
E não se pode encontrar nada disso em seus passos 
Que são trôpegos como dos ébrios que cambaleiam nas calçadas 
Dando a impressão de que o mundo está pendido 
Ora para um lado, ora para outro. 
 
Quando sozinho posso encontrar-me a mim mesmo 
E pensar que tudo isso não passa de uma agonia inválida 
Que só eu mesmo posso sentir e nada fazer a respeito 
Porque está dentro de mim e a maioria das pessoas 
Seguem suas vidas normais nesse mundo perfeito para elas. 
 
E estas são palavras testamentárias na boca de um solitário 
Palavras que transcrevo no silêncio do amanhecer 
Registro de uma inquietação que perturba minha mente 
Por achar que poderia ser diferente as ações humanas 
Quando se olha para a nossa existência. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

sexta-feira, 27 de maio de 2022

De que vale tudo isso?

De que vale toda essa ideologia 
De uma cidade hospitaleira 
O discurso de uma beleza cultural 
Ou de uma cultura histórica no entorno da cidade 
Do seu povo que constrói, com muito trabalho, 
O solo em que estamos agora? 
 
De que vale tudo isso 
Que dizem as suas autoridades 
Aqueles que forma escolhidos para representar o povo 
E que só representam os interesses particulares 
Principalmente das oligarquias da cidade?
De que valem os discursos demagógicos 
Dos que acreditam ser intelectualmente superiores 
À maioria da população?
 
De que vale as fotos bonitas nas páginas dos jornais 
No site da secretaria de turismo 
Quando os casarões antigos estão caindo aos pedaços 
No centro da cidade? 
 
De que vale essa ideia de proteção ao meio ambiente 
Quando se derruba mais uma área verde 
Para a construção de casinhas governamentais 
E espremem as famílias pobres como se fossem sardinhas 
Em bairros mal atendidos pelo poder público? 
 
De que vale o meu lamento ao ver tudo isso 
E não poder fazer praticamente nada 
Que possa mudar essa triste situação 
Porque as pessoas desta cidade já escolheram 
Os seus digníssimos representantes legislativos. 
 
De que vale as moções de aplausos 
Apenas para uma meia dúzia de gato pingado 
Que não representa a verdadeira história desse lugar 
Enquanto centenas de cidadãos 
Estão cansados de tentar uma vaga de emprego? 
 
De que vale esse meu desabafo 
Quando pessoas estão nas filas de atendimento 
Esperando que uma viva alma possa lhe atender 
Para tentar amenizar a sua angústia. 
 
Essa é a grande pergunta 
Para as mentes pensantes dessa cidade 
De que vale tudo isso? 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

Em busca de um sonho

Olho em seus olhos e vejo o amor 
A beleza estampada em seu sorriso 
O encanto misterioso e cativante no olhar 
Que faz o coração palpitar de emoção 
Como se não pudesse ser controlado. 
Ao te ver assim tão deslumbrante 
O destino que se apresenta diante de mim 
Leva-me a controlar o sentimento 
Organizar meus pensamentos 
E partir, sem medo algum, 
Em busca de um sonho: 
Alcançar o seu coração cheio de amor. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

quinta-feira, 26 de maio de 2022

Estou aqui se quiser me ver

Pode tentar apagar da memória se quiser 
Todas as lembranças 
As boas lembranças 
Dos dias de felicidade que teve ao meu lado 
Pode apagar se conseguir 
Delete-as dos seus pensamentos 
Jogue no lixo os rascunhos de versos de amor 
Aqueles que tentava descrever o sentimento 
E saiba que existiu 
Pode tentar fazer tudo isso 
Caso não consiga apagar das suas lembranças 
A saudade que sentes agora 
Estou aqui se quiser me ver. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

quarta-feira, 25 de maio de 2022

Tranquilidade

O desejo de ser livre 
De caminhar pelas manhãs 
Com o coração tão leve como as plumas 
Apenas um sorriso no rosto 
E a tranquilidade na alma. 
 
As borboletas voam inquietas 
Se misturam as flores do jardim 
Enquanto os pensamentos voam o infinito 
Na busca eterna da realização plena 
Uma vida tranquila é o sonho real. 
 
Não precisamos tanto assim 
De tentar alcançar uma vida feliz 
Nem mesmo os melhores de nossos esforços 
Poderiam ser capazes de conseguir 
Mas, uma vida tranquila é o que nos basta. 
 
Deitar a cabeça no travesseiro 
E saber que a consciência está limpa 
Que o sono será calmo e em profunda paz 
É o que torna real a felicidade 
E é mais preciso do que o ouro! 
 
Quero viver a plena tranquilidade 
Poder erguer os meus olhos para o horizonte 
Viver a vida em sua plenitude 
Sentir a brisa da manhã acariciar o meu rosto 
E ter paz para continuar a caminhada. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

terça-feira, 24 de maio de 2022

Contemplem atentamente o caos

Contemplem atentamente o caos 
Fumaças e gritarias 
Estilhaços pelas ruas 
Choro de crianças amedrontadas 
E mulheres correndo de um lado para outro 
Com suas pernas a mostra 
Sangue escorrendo das feridas 
E gargalhadas de alguns debochados 
Que não estão nem ai para o pavor. 
 
Calem-se! Calem-se! 
Gritam uns aos outros 
Puxam pelos cabelos 
Arrastam pelo chão as indignas da sociedade 
Cavalos trotam imponentes 
E os corvos voam rente ao chão 
Querem encontrar restos de carne 
Que os cães abandonaram na sua fuga. 
 
 Parem com isso! 
Alguém parece gritar em meio aos escombros 
Um fedor sobe até às narinas 
Embrulha o estômago 
E alguns vomitam pelo chão 
Enquanto gatos vasculham às latas de lixo
Disputando restos das latas de sardinhas.
 
Contemplem atentamente o caos 
Permaneçam imóveis como sempre fizeram 
E deixem os pobres miseráveis 
Que se destruam na busca pelos restos de comida 
Se não contribuem para a sociedade 
Que se tornem os lixos de sempre 
Enquanto os patrícios continuam sorrindo 
Nos seus altos pedestais 
Arrancando o couro dos subjugados! 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

segunda-feira, 23 de maio de 2022

Altas horas

Deita na cama e espera pelo próximo dia 
Até sabe que não dormirá antes que passem milhares de pensamentos 
O sol entorpecido do dia na cabeça 
Faz com que tudo pareça tão cinza como dias nublados 
Conta as horas e os minutos 
Enquanto revoluções explodem na cabeça 
Um grito ecoa na mente 
Parabólica instalada na mente 
Espinhos na coroa que perfura o crânio 
Ou apenas um micro chip de informações falsas 
Porque sabe que não tem coroa nenhuma ali 
Então ajeita o travesseiro 
Como se fosse conseguir dormir. 
 
Tudo bem, você até que quase conseguiu me convencer 
Que não é um estranho 
E, por incrível que possa parecer, 
Eu também não sou um estranho 
Ou sou? 
 Agora fiquei mais confuso ainda. 
 
Tá entendendo o que eu digo? 
Eu acho que morri e renasci durante o inverno 
Como uma fênix que brota do lodo pantaneiro 
Estou com os olhos mais abertos do que antes 
E mesmo assim não consigo enxergar nada mais do que ruínas 
Propagandas e propagandas na TV 
A propaganda é a alma do negócio, 
Diz uma propaganda capitalista 
Despejam demagogias formatadas em grandes slogans 
Porque, no fundo, todos os hinos são slogans 
Que perfuram a mente já doente pelas redes sociais.
 
A violência nem precisa ser mais dublada 
Tudo é fabricado e segue os padrões internacionais 
Apenas um discurso 
As promessas que sempre fazemos a nós mesmos 
E nunca temos coragem em cumpri-las 
Porque a vida segue o eterno círculo infinito 
Quem se importa com um homem triste? 
Ou com as máculas de mentes juvenis? 
 
Lá no fundo do abismo eles gritam: 
Pule! Pule! 
Estamos ansiosos para recebê-lo aqui também 
O calor do verão me sufoca 
Os olhos já começam a se fechar 
Altas horas e agora o sono chegou 
Deixarei de pensar e estarei aberto aos pesadelos 
Tento falar com Deus, 
Mas as horas de visitas já se foram 
E devo acordar as cinco da manhã! 
 
 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

Sangue nos olhos


A fúria incontida 
Na alma vingativa 
Não consegue esconder o que sente 
Está no olhar estampado 
O desejo de vingança 
Como se isso resolvesse o problema. 
 
Sangue nos olhos 
Um desejo incontido 
O sangue deve ser derramado 
Pensa que é o único jeito 
Só assim haverá reparação do dano 
Causado ao coração. 
 
Não deve ser assim 
Irar é natural 
Mas deve-se controlar a fúria 
O desejo de vingança deve ser controlado 
Porque não resolve 
E só causará mais derramamento de sangue. 
 
Aprenda a ter autocontrole 
A perdoar, se for preciso, 
Esquecer o que aconteceu 
A vingança pertence a Deus 
E o tempo mostrará 
Que você tomou a melhor escolha 
Se deixar a vingança para lá. 
 
 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

sexta-feira, 20 de maio de 2022

Sustentabilidade

É loucura nos isolarmos do mundo? 
Loucura é vivermos da forma que estamos 
Sem respeito à natureza 
Agredindo o meio ambiente 
Comprometendo a vida dos outros 
Extinguindo às espécies 
Para satisfação dos desejos egoístas 
Dos seres humanos! 
Será possível vivermos, algum dia 
De forma sustentável? 
A sustentabilidade neste mundo é possível? 
Olhe para dentro de você 
E tente responder essa questão! 
 
 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

Se te amo tanto assim

 Eu te amo muito além do que imagina 
Com um sentimento do fundo do coração; 
Mas, como demonstrar esse sentimento 
Se o desejo não se traduz com a razão? 
 
Eu te amo intensamente 
Com a sensação tão profunda de sentir; 
Faz o coração bater mais forte 
Ao te ver descubro nova razão de existir. 
 
Se te amo tanto assim 
Por que, então, não devo falar? 
Abro meu coração nesta hora 
Para a beleza do sentimento te mostrar. 
 
O amor mais puro que existe 
Transforma a vida de quem o sente; 
O sorriso da pessoa amada 
Não pode ser apagada da sua mente. 
 
Eu te amo tanto assim 
Que deixo o coração te revelar; 
Tudo que há em mim se resume 
No desejo puro de te amar. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

quinta-feira, 19 de maio de 2022

A maior de todas as mentiras

Teve a coragem quando abriu a boca 
Não se conteve em seus sofrimentos 
E acabou revelando 
A maior de todas as mentiras 
Palavras não ditas no silêncio do olhar 
Impressões deixadas nas lembranças 
De tantas coisas que não se pode esquecer. 
 
Tudo que foi dito naquele momento 
Agora parece não fazer sentido algum 
Porque o coração ainda vacila 
E os pensamentos não podem ser impedidos 
Ele alçam voos maiores do que se poderia imaginar 
Estão voando na direção do vento 
Como se fosse possível alcançar as estrelas. 
 
A mentira jurada diante do altar 
Juramentos de fidelidade que não se cumprem 
Porque o tempo é cruel com quase todo mundo 
Que deseja abrir o coração. 
 
Aquelas mentiras contadas ali 
São causadores do caos no profundo da alma 
E é tão constrangedor 
Como esmagar as asas das borboletas 
Só porque detesta o jardim. 
 
Vá embora para sempre 
Não me faça perder nenhum minuto a mais 
Desejo apenas a segurança 
A tranquilidade de um dia sem ter que pensar 
Porque a vida esconde esses mistérios. 
 
 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

quarta-feira, 18 de maio de 2022

De mãos dadas com a Morte

O sonho de ontem já não existe mais 
Desfeito ele foi pelo tempo 
O tempo que não está sozinho 
Que não para nem por um minuto 
Que anda de mãos dada com a Morte 
Sorrindo à espreita por onde ando. 
 
Alguém pergunta a minha idade 
O ano em que nasci 
Como se isso fosse assim tão importante 
E eu nem me lembro 
Da metade das coisas que aconteceram ontem 
Porque a minha memória 
Já não consegue armazenar tantas coisas assim. 
 
Encosto minha cabeça no travesseiro 
Tenho vontade ficar deitado por muito tempo 
E o tempo me escorre pelos dedos 
Enquanto uma voz ecoa dentro de mim 
Dizendo que não tenho tempo para ficar deitado 
O trabalho me aguarda 
Os problemas precisam ser resolvidos 
E eu tenho mais uma vez que levantar-me e agir. 
 
Quem sou eu para questionar tudo isso 
Olhar as misérias da humanidade 
E clamar contra tudo o que acontece? 
Quem pode fazer alguma coisa 
E a pergunta melhor seria o contrário 
Quem quer fazer alguma coisa que não seja passar o tempo?
 
Olhe para as paisagens 
Notou como elas mudaram de ontem para hoje? 
Com certeza não 
Quem observa as mínimas coisas 
Que acontecem cotidianamente ao nosso redor? 
 
E ele continua impassível 
Com seu olhar altivo, senhor de si, ele sorri 
O tempo que tudo revela e nada esclarece 
Está de mãos dadas com a Morte 
E ela sabe exatamente a hora que chegou o fim do tempo 
E sabe também que nada pode ser feito para mudar isso. 
 
Viro para o lado e tento dormir 
O meu tempo de divagações acabou 
Se quiser me levar fique a vontade 
Não tenho nenhum tempo a perder. 
 
 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

terça-feira, 17 de maio de 2022

Destinado a sofrer

Faz de conta que nem mesmo me ouviu 
Dá de ombros e não se importa 
E fecha a porta para sempre 
Os dias vão passando lentamente 
Como se fossem parar de uma vez 
E ficasse estático eternamente. 
 
Tudo isso não passa de uma ilusão 
No coração de quem acreditava 
Que por ali estava o amor 
E esse sentimento sempre tão presente 
Não passa de uma miragem no deserto 
Porque só resta a solidão 
Para fazer companhia ao sonhador. 
 
Faz de conta que tudo não passou de um sonho 
Nada foi tão real como parecia 
Enquanto no coração esquecia 
O desejo mais íntimo no sentimento 
De quem só tem como companheiro 
O triste lamento de um coração vazio. 
 
Vá se embora mesmo sem se despedir 
Não fará falta alguma 
Para quem já se acostumou com o sofrer 
E, mesmo sem querer, se pega algumas vezes 
Pensando que o mundo poderia ser diferente 
Quando na verdade 
Todos estão destinados a sofrerem. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

segunda-feira, 16 de maio de 2022

Destruam essa arte!

Apague dessa parede 
Destruam essa arte 
Queimem todos os livros 
Os discos com músicas sejam destruídos 
Derrubem a Ponte Branca 
Quebrem essas telas e joguem no fogo 
Rasguem os versos e atire no fogo 
Quero vê-los crepitar 
Que não sobrem nem as cinzas 
Destruam essa arte! 
 
Essa arte não deve existir 
Ela incomoda 
O prédio está sendo reformado 
E não cabe essa arte aqui 
Então, destruam essa arte! 
 
Joguem os filmes de protestos no lixo 
Que as músicas não sejam mais tocadas 
Que não existam mais telas 
Quadros sejam desfeitos 
Acabem com essa arte.
 
Destruam toda a arte e viva uma vida feliz 
E quando terminar, 
Rasgue este poema e queime-o no fogo 
Que não sobre nem as cinzas! 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

O teu olhar

Sinto a tormenta tomar conta de mim 
O vento forte 
A tempestade que transformou a minha vida 
Encheu meu coração de dor 
Porque o teu olhar é um mar de tormentas. 
 
Estou sozinho agora 
Ninguém parece vir me salvar 
Desse cruel destino que estou neste momento 
Essa ilha de solidão 
E tudo aconteceu depois de ser jogado aqui 
Porque o teu olhar é ilha deserta. 
 
Estou na tumba fria 
Cadáver ambulante em meio à multidão 
Sem vida e sem esperança alguma 
Nem uma frase de amor na minha lápide 
Apenas a alma sepultada pela tristeza 
Porque o teu olhar é sepultura fria. 
 
O teu olhar destruiu a minha vida 
O sonho que tinha foi desfeito 
Na beleza desse olhar tão sedutor 
Que levou para sempre meu coração! 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

sábado, 14 de maio de 2022

Do pensamento

O pensamento 
É a minha forma de expressão 
O labirinto que atravesso 
Com o mapa da minha mente. 
As brumas no olhar 
Ilusão de tempos perdidos 
Nunca discuto sentimento 
Com o meu pensamento 
Escuto a voz interior 
Ouço o silêncio constrangedor 
E sigo o coração... 
Com o meu pensamento 
Me ergo das cinzas 
Escuto o lamento da alma 
E voo para as alturas... 
Estou aqui 
E não estou aqui 
Porque o meu pensamento já me levou 
Para muito, muito longe daqui. 
Para além do horizonte 
Onde o meu pensamento é livre! 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

Silenciosa sombra de solidão

Ouço o vento levar embora as folhas 
Imagino se ele leva também a saudade 
E, para desespero de quem não consegue esquecer, 
A realidade é tão dolorosa 
Que não percebe as folhas caindo das árvores 
Como pedras atiradas no lago. 
 
São as feridas na alma 
Que causam angústia no coração 
E a dor da despedida 
São tristes momentos na vida de alguém 
Uma silenciosa sombra de solidão 
Que não se pode apagar com o tempo. 
 
Existe ainda uma esperança no olhar 
Ao ver as folhas sendo levadas pelo vento.
Será que não alcança o coração 
De quem um dia deixou para trás 
A sensação pura da felicidade? 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

sexta-feira, 13 de maio de 2022

Saber entender, crescer e viver

 De todas as coisas do amor 
Eu sempre quis muito saber; 
Os meandros que vive o coração 
Busquei de toda forma entender; 
Até descobrir que o sentimento 
Precisa mesmo é no coração crescer; 
Porque a melhor coisa da vida 
Quando se ama, é deixar o amor viver! 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

quinta-feira, 12 de maio de 2022

Cantem as canções que não escrevi

Quando quiserem arrancar meu coração 
Fique a vontade 
Nada importa mesmo depois do adeus 
Nem mesmo os pensamentos são precisos 
Então, arranque-o e jogue fora 
Bem longe do chão onde pisei os meus pés. 
 
Cantem as canções que não escrevi 
As melodias que nem mesmo imaginei pudesse existir 
Não quero sentir o silêncio que sinto agora 
Apenas os sorrisos vão me alegrar 
Caso alguém ainda consiga sorrir 
Quando arrancarem meu coração. 
 
Coração, por que tremes de medo? 
Você mesmo é que pediu por tudo isso 
Quando deixou-se ser ludibriado de forma tão singela 
Pensou que dominaria qualquer desejo 
E não sabia que não controlas as emoções. 
 
Fechem os olhos e apenas imaginem 
A viagem mais distante que puderes 
Além do horizonte existe uma viva lembrança 
De tempos imemoriais que não foram apagados 
Saudades que nem é preciso tentar esquecer 
Porque está impregnado na pobre alma mortal. 
 
Às nuvens indicam um bom sinal 
Pode ser que esteja agora na entrada do Paraíso 
E vou descansar dos dias maus 
Que atormentavam minha alma poética 
Com pensamentos intermináveis 
Sem mesmo dar-me alguma explicação. 
 
Não adianta ter medo, meu pobre coração, 
Você já foi desterrado para sempre 
Arrancado de sua morada silenciosa 
Onde acreditava estar seguro para sempre 
Quando na verdade, 
Era apenas mais um inquilino indesejável. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense