quinta-feira, 30 de abril de 2020

A admiração na imaginação



Sinto-me inerte diante da natureza 
Que cerca-me nesta hora. 
A penumbra é densa 
A cor das coisas torna-se uniforme 
Agora é cinzenta 
Mas já foi vermelha e será azul. 
Sinto o perfume das ervas 
E o aquietar do rebanho 
Que logo estará dormindo. 
A lua já deu a sua cara 
E as estrelas começam a brilhar no firmamento. 
Ao longe sinto o vento nas folhas 
Parece brincar de forma misteriosa. 
Sentado sobre uma pedra 
À beira do caminho 
Contemplo estas paisagens 
E medito silenciosamente. 
Tenho em mim a admiração primitiva 
Na minha imaginação. 
Revela-se, tudo isso, 
Em um poema 
Em uma tela 
A pedra, 
A árvore 
As ovelhas 
O caminho 
A relva 
O vento nas folhas... 
Essas coisas foram feitas assim? 
Continuarão assim? 
Por que as pessoas não veem isso? 
Que idioma pode explicar os mistérios do mundo? 
Penso se há alguma possibilidade 
Para o aperfeiçoamento humano. 

Poema: Odair José, Poeta Cacerense

terça-feira, 28 de abril de 2020

No mesmo caminho



No horizonte distante, 
Na noite fria de inverno 
Na escuridão do anoitecer 
No caminho deserto 
Vi você caminhando sozinha. 
Uma tristeza invadia sua alma 
E de seus olhos uma lágrima descia. 
O frio da solidão te fazia chorar, 
Tremer. 
Foi naquele caminho, naquele instante 
Que meus passos cruzaram com os seus 
Na minha alma uma solidão. 
Seus olhos fugiram dos meus 
Sua alma não queria o meu afago 
Na tristeza do meu coração 
Foi onde percebi 
Eu estava no mesmo caminho. 

Poema: Odair José, Poeta Cacerense

segunda-feira, 27 de abril de 2020

As palavras que jamais te falarei


Tenho guardado em meu peito 
Um amor que é sublime 
Maior que as altas montanhas 
Mais singelo que a beleza da flor. 
Um sentimento profundo 
Que alcança a eternidade 
Que voa alto como o vento 
E te toca no silêncio. 
Uma lembrança de você 
Que me faz sorrir 
Que me faz viver 
E aquece meu coração. 
Esse amor tão singelo 
Escrito nas estrelas 
Que voa como as nuvens 
E toca os seus cabelos. 
Ele existe no meu pensamento 
Mas, está guardado, 
E essas palavras que quero dizer 
São palavras que jamais te falarei. 

Poema: Odair José, Poeta Cacerense

terça-feira, 21 de abril de 2020

Não tenho medo do silêncio


Minhas indagações são impertinentes. 
Incomodam mesmo. 
Mas essa é minha missão neste planeta. 
Tentar abrir a mente de alguns que se encontram enclausurados em suas teias. 
Presos a ideologias sem sentidos em um mundo caótico. 
Não tenho medo do silêncio. 
Ele me ajuda a refletir sobre a vida e os acontecimentos. 
O silêncio me fala ao ouvido em sussurros esclarecedores. 
E eu vejo a luz da sabedoria além da escuridão deste mundo tenebroso. 
De uma coisa tenho certeza. 
O silêncio não comete erros. 
E o silêncio nos ensina lições preciosas de sabedoria. 

Poema: Odair José, Poeta Cacerense

domingo, 19 de abril de 2020

Você é mais do que os olhos podem ver


As rosas exalam um perfume natural 
Que elevam meus pensamentos até o horizonte 
Onde contemplo seu olhar. 
Sinto uma emoção que domina minha alma 
E uma força que me faz te desejar. 

Sou a essência de um sentimento 
Que me transporta para bem distante 
Onde é difícil definir o amor. 
Tenho a lembrança de dias frios 
Onde você me aqueceu com seu calor. 

O brilho intenso que vejo em seus olhos 
Apresenta-me a virtude de um sonho 
Que busco na minha imaginação. 
Saio à procura deles na noite fria 
Para que dissipe de mim a escuridão. 

Você é a flor singela desse imenso jardim 
Que se apresenta diante dos meus olhos 
E que contemplo na sinceridade. 
Tu és a flor que exala a fragrância 
Que trás a minha vida felicidade. 

Revelo-te neste poema o imenso amor 
Que sai do meu coração 
Para que você não me venha a esquecer. 
Você é a essência de um amor tão bonito 
Que me fez reviver. 

Meu amor é todo seu 
Pois descobri que você é 
Mais do que os olhos podem ver. 
Você é o doce mistério da minha vida 
E a alegria do meu alvorecer. 

Poema: Odair José, Poeta Cacerense

terça-feira, 14 de abril de 2020

Quero ter os seus olhos junto a mim


Eu sempre acreditei no amor 
Eu sempre amei com toda intensidade 
Eu abri meu coração 
E revelei meus segredos... 
Fiz isso porque acreditei em você, 
Porque sempre vi em você 
Uma beleza singular, 
Um encanto que brilha no seu olhar. 
E eu não me arrependo de amar assim 
Porque me sinto livre para isso. 
Posso sofrer? 
Talvez sim... 
Mas, que outra forma de amor 
Seria melhor do que esta? 
E esse amor que trago em meu peito 
Faz-me sonhar sempre. 
Quero ter os seus olhos junto a mim 
Sentir o pulsar do seu coração... 
Quero segurar em suas mãos 
E conduzir-te pelas montanhas, 
Ver o por do sol no horizonte. 
Falar baixinho em seus ouvidos 
Para não acordar os seus sonhos. 
Tudo que sei é que o amor existe 
Em meu coração... 
E isso aconteceu, 
Desde o dia em que vi 
O brilho do seu olhar! 

 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

sexta-feira, 10 de abril de 2020

As razões das nossas doenças


O que reina na sociedade hodierna 
É uma ordem imperativa de felicidade 
Onde temos a obrigação de ser feliz 
De estar sorrindo o tempo todo 
Em meio as tragédias e injustiças 
Obrigados a rir da própria desgraça 
Onde tudo é parte de uma grande piada 
Sem graça. 
A exigência de uma vida feliz 
Que ofusca o apogeu de tanto sofrimento 
Nas partes mais obscuras das almas 
Escondidas nos cantos sombrios da solidão. 
Os fantasmas do sorriso alheio 
O medo de transparecer os nossos medos 
Sufocam as mentes inquietas 
Em meio ao desespero humano. 
As razões das nossas doenças 
Estão por todas as partes. 
A busca frenética por aprovação e reconhecimento 
Na busca incessante e inescrupulosa 
De poder e mais poder 
Status e aplausos 
Determina a loucura de um mundo embalado 
Pela miséria e egoísmo. 
A tirania do urgente faz com que tenhamos 
Pressa de ter pressa 
Que não olhemos para as pessoas a nossa volta. 
A violência, a corrupção e as injustiças 
Não podem negar a luta de uma sociedade 
 Corrompida pela ganância de mais poder. 
Poderia haver algo que vai além da alma 
E que ainda podemos entender? 
Devoro livros e mais livros 
Na busca incessante para descobrir 
Se consigo encontrar uma luz na escuridão. 
Por que o medo da morte 
Quando a desafiamos descaradamente? 
Consumo, consumo e mais consumo 
Exploração desenfreada 
Que aumenta o quadro de pobreza e injustiça 
Enquanto exige-se um sorriso no rosto 
Uma aparência de piedade. 
O que fazer diante de tanto apelo à felicidade? 
Como sobreviver em meio aos lobos? 
Será a loucura o único remédio 
Para a cura de uma sociedade doente e macabra? 
Será a humanidade autônoma da natureza? 
O que somos nós sem os rios, sem o meio ambiente? 
Sem dúvidas que devemos rever nossa atitude 
Em relação ao destino humano 
E considerar dar um passo atrás 
Pensar alternativas possíveis 
Para não destruirmos o único lugar possível 
Destinado ao ser humano. 
Creio ser possível ir além 
Para ver novos horizontes 
E esta esperança de dias melhores 
Me parece uma bela visão do futuro. 

Poema: Odair José, Poeta Cacerense

terça-feira, 7 de abril de 2020

Vício torturante do coração


Quero apenas alçar os voos mais altos 
Mesmo sabendo que não tenho asas 
E que o sol escaldante pode derreter a cera 
Fazendo com que eu caia no mar imenso 
Dessa solidão que atormenta minha caminhada. 

Ouço o vento soprar mansamente 
Uma brisa que assovia uma canção bem triste 
Enquanto meus pés pisam as folhas 
Que caíram na madrugada fria 
De forma que só as estrelas puderam ver. 

Há em mim um medo terrível do amanhecer 
Da dor que posso causar a alguém 
Que não evitará de olhar em meus olhos 
Sentindo um calor alcançar o coração 
Na esperança de viver um grande amor. 

Ah! Se soubesses a distância 
Em que meus sonhos estão no horizonte 
Saberia que não pode haver esperança 
Para o raio do sol a brilhar 
Em meio as árvores das campinas. 

O vício torturante do coração 
Que não soube acreditar na fagulha 
Do amor que começava a arder 
Mas que foi sufocado pela angústia 
De uma vontade louca de esquecer. 

Não adianta chorar pelos cantos 
Nem sangrar o coração com torturas 
Pois a linha do horizonte é distante 
Imperceptível ao olhar atormentado 
De uma mente que divaga o tempo todo. 

Não vejo mais aquela luz 
Que brilhava no caminho tão reluzente 
Em seu lugar há uma sombra 
E na escuridão silenciosa e assustadora 
Só vejo o vulto do espectro desse amor. 

Da boca não sai nem uma palavra mais 
Que possa esclarecer alguma coisa 
Apenas a tormenta dos fantasmas 
Rondam a minha imaginação 
Esperando esse novo amanhecer. 

Poema: Odair José, Poeta Cacerense

sexta-feira, 3 de abril de 2020

Elogio a ignorância



Quem são estes que insistem no conhecimento 
Como sendo a razão completa da vida? 
Se a vida que vivemos é uma busca incessante 
Pela sabedoria em algum lugar escondida. 

Clamas nas praças e avenidas 
Que o conhecimento é a solução dos problemas 
E, quanto mais conhecimento se tem ao longo do tempo, 
Mais aumentam nos homens seus dilemas. 

Eis que vive em cada esquina e ruas da cidade 
Aquela que os abraça com um adoto apertado 
Dentro das salas e bancos escolares 
Fazendo dos homens um eterno dominado. 

Ela está em toda parte e com todos 
Legando os seus tentáculos com suave dominação 
Provando que o conhecimento não existe 
E que ela é a senhora da vida e do coração. 

Poema: Odair José, Poeta Cacerense

quarta-feira, 1 de abril de 2020

Tudo no mundo são sombras que passam


Delírios de uma sociedade efêmera 
Onde o sucesso é o desejo maior 
Para satisfazer o ego doentio das pessoas 
Que não pensam o futuro. 
Querem estar em evidências 
Querem estar no topo 
Sem ao menos se esforçar para isso. 
Tudo no mundo são sombras que passam; 
Nossa vida é como o dia de ontem que passou 
E o que fizemos? 
Olhos que fingem estar abertos 
Vaidade de uma sociedade 
Que só valoriza o ter 
Sem atentar que o sopro da vida 
Se esvai quando menos esperamos. 

Poema: Odair José, Poeta Cacerense