sexta-feira, 10 de abril de 2020

As razões das nossas doenças


O que reina na sociedade hodierna 
É uma ordem imperativa de felicidade 
Onde temos a obrigação de ser feliz 
De estar sorrindo o tempo todo 
Em meio as tragédias e injustiças 
Obrigados a rir da própria desgraça 
Onde tudo é parte de uma grande piada 
Sem graça. 
A exigência de uma vida feliz 
Que ofusca o apogeu de tanto sofrimento 
Nas partes mais obscuras das almas 
Escondidas nos cantos sombrios da solidão. 
Os fantasmas do sorriso alheio 
O medo de transparecer os nossos medos 
Sufocam as mentes inquietas 
Em meio ao desespero humano. 
As razões das nossas doenças 
Estão por todas as partes. 
A busca frenética por aprovação e reconhecimento 
Na busca incessante e inescrupulosa 
De poder e mais poder 
Status e aplausos 
Determina a loucura de um mundo embalado 
Pela miséria e egoísmo. 
A tirania do urgente faz com que tenhamos 
Pressa de ter pressa 
Que não olhemos para as pessoas a nossa volta. 
A violência, a corrupção e as injustiças 
Não podem negar a luta de uma sociedade 
 Corrompida pela ganância de mais poder. 
Poderia haver algo que vai além da alma 
E que ainda podemos entender? 
Devoro livros e mais livros 
Na busca incessante para descobrir 
Se consigo encontrar uma luz na escuridão. 
Por que o medo da morte 
Quando a desafiamos descaradamente? 
Consumo, consumo e mais consumo 
Exploração desenfreada 
Que aumenta o quadro de pobreza e injustiça 
Enquanto exige-se um sorriso no rosto 
Uma aparência de piedade. 
O que fazer diante de tanto apelo à felicidade? 
Como sobreviver em meio aos lobos? 
Será a loucura o único remédio 
Para a cura de uma sociedade doente e macabra? 
Será a humanidade autônoma da natureza? 
O que somos nós sem os rios, sem o meio ambiente? 
Sem dúvidas que devemos rever nossa atitude 
Em relação ao destino humano 
E considerar dar um passo atrás 
Pensar alternativas possíveis 
Para não destruirmos o único lugar possível 
Destinado ao ser humano. 
Creio ser possível ir além 
Para ver novos horizontes 
E esta esperança de dias melhores 
Me parece uma bela visão do futuro. 

Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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