terça-feira, 7 de abril de 2020

Vício torturante do coração


Quero apenas alçar os voos mais altos 
Mesmo sabendo que não tenho asas 
E que o sol escaldante pode derreter a cera 
Fazendo com que eu caia no mar imenso 
Dessa solidão que atormenta minha caminhada. 

Ouço o vento soprar mansamente 
Uma brisa que assovia uma canção bem triste 
Enquanto meus pés pisam as folhas 
Que caíram na madrugada fria 
De forma que só as estrelas puderam ver. 

Há em mim um medo terrível do amanhecer 
Da dor que posso causar a alguém 
Que não evitará de olhar em meus olhos 
Sentindo um calor alcançar o coração 
Na esperança de viver um grande amor. 

Ah! Se soubesses a distância 
Em que meus sonhos estão no horizonte 
Saberia que não pode haver esperança 
Para o raio do sol a brilhar 
Em meio as árvores das campinas. 

O vício torturante do coração 
Que não soube acreditar na fagulha 
Do amor que começava a arder 
Mas que foi sufocado pela angústia 
De uma vontade louca de esquecer. 

Não adianta chorar pelos cantos 
Nem sangrar o coração com torturas 
Pois a linha do horizonte é distante 
Imperceptível ao olhar atormentado 
De uma mente que divaga o tempo todo. 

Não vejo mais aquela luz 
Que brilhava no caminho tão reluzente 
Em seu lugar há uma sombra 
E na escuridão silenciosa e assustadora 
Só vejo o vulto do espectro desse amor. 

Da boca não sai nem uma palavra mais 
Que possa esclarecer alguma coisa 
Apenas a tormenta dos fantasmas 
Rondam a minha imaginação 
Esperando esse novo amanhecer. 

Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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