Eu estendi minhas mãos para alcançá-los
Os livros na minha estante
Sem saber qual deles me conduziria
Para a viagem que queria fazer
Naquele momento.
Senti o veneno percorrer minhas veias
O coração acelerar
Senti falta de ar
E vontade pular do mais alto penhasco
Aniquilar de minha memória qualquer lembrança.
Tudo é vaidade e correr atrás do vento
Não há esperança na luta
Contra a ignorância dessa gente.
Havia uma serpente entre os livros
E fui seduzido por ela
Ferido mortalmente
Pela ilusão das muitas letras
Que me fizeram delirar.
Não havia antídoto
Não havia salvação
Os livros dançavam diante de meus olhos
E senti o chão se afastar de meus pés.
Deixei-me cair sobre a mesa
Recostei a cabeça nas folhas
Algumas ainda em branco
E adormeci.
O veneno parecia fazer efeito
E a morte, lentamente, se aproximava.
Meus olhos turvos não viram
Quando ela abriu a janela.
Um vento suave espalhou as folhas de papel pelo chão
Tocou o meu rosto
E levou consigo a minha ilusão
E eu ainda estou vivo.
Poema: Odair José, o Poeta Cacerense
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