quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

O caminho da solidão



Eu só não sei o que fiz de mim... 
Tudo que queria, 
Hoje não quero mais. 
O que eu podia fazer de mim 
Não fiz e não quero mais fazer. 
O sonho de outrora 
Se desfez no amanhecer 
E eu acordei para a realidade. 
Sou um sopro que se passa 
A minha juventude se foi. 
Eu que era inofensivo 
Tornei-me um monstro 
E as minhas presas são escolhidas a dedo... 
Embriago-me pelas noites 
E procuro ver aqueles olhos no fundo do copo 
Mesmo sabendo que eles já não existem mais... 
Não adianta tentarem tirar minha máscara 
Pois ela já está grudada ao meu rosto 
E não há como distinguir 
O que é certo ou errado. 
Meu caminho é a solidão 
De uma vida em meio a multidão... 

Poema: Odair José, o Poeta Cacerense.

sábado, 18 de fevereiro de 2017

Quem pode sobreviver a esse inferno?



Esse deserto que assola a alma, 
Esse esgotamento da vida espiritual, 
Essa descrença no futuro da humanidade. 
O congelamento na própria juventude, 
A tirania da dor 
Que dilacera o sentimento 
É maior que a tirania da vaidade... 
O isolamento radical 
Que é melhor do que o burburinho da multidão. 
O desprezo dos homens 
Os gritos estridentes das mulheres, 
O choro das crianças... 
A clarividência da doença 
A incerteza do porvir, 
O colapso da economia... 
O conhecimento que só aceita a amargura 
Que não ajuda 
Que jugula e faz acontecer 
Uma náusea nascida da intolerância 
Do desrespeito às instituições. 
Quem pode sobreviver a esse inferno? 
Quem alçará a voz como atalaia 
Na torre mais alta 
Contra a mediocridade humana? 
Quem poderá se livrar das amarras, 
Dos grilhões ideológicos, 
Da ação alienante das mídias, 
Das redes sociais? 
Eis que a voz do poeta-filósofo 
Ecoa agora de forma insofismável 
E tem o desígnio de esmiuçar as pedras... 
Não me calarei! 

Poema: Odair José, o Poeta Cacerense

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

O que resta é a saudade


Senti que o mundo havia acabado essa noite 
Na distância que não mais vi o seu olhar 
No meu peito bateu forte o açoite 
Do medo em não me acostumar. 

Diante do amor que revelei por ti 
Saber que agora não mais me pertence seu coração 
Pois seu amor já não está aqui 
E caminhas em outra direção. 

Meus pés deslizaram na solidão 
De uma tristeza sem fim 
Ao ver você fugir de mim. 

Já não posso viver essa ilusão 
De um amor que não me traz felicidade 
O que me resta? Só a saudade! 

Poema: Odair José, o Poeta Cacerense