Com o silêncio de uma pergunta,
Mas eu não soube responder.
Talvez ali morasse um amor inteiro,
Mas a hora passou,
Como o vento passando por uma janela esquecida.
Tantos nomes eu nunca soube,
Mas senti suas presenças leves
Como sombras que quase tocam o chão.
São amores que existiram
Apenas no intervalo entre um olhar e outro.
Os amores que não vivi
Moram no sótão da alma,
Guardados em caixas sem rosto,
Mas que ainda exalam perfume
De um tempo que não foi.
E mesmo ausentes, doem
Como a ausência do que poderia ter sido.
Talvez tenhamos passado um pelo outro
Numa estação qualquer,
Carregando livros, sonhos e distrações.
Nos olhamos por um segundo
— o bastante para não esquecer —
E seguimos, por caminhos que nunca se tocaram.
Não vivi todos os amores que imaginei,
Mas cada um deixou um eco,
Um sussurro de futuro que não se fez passado.
E por vezes, penso:
Será que do outro lado alguém também se pergunta
Sobre o amor que não teve comigo?
Poema: Odair José, Poeta Cacerense
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