domingo, 6 de julho de 2025

Os amores que não vivi

 Houve olhos que cruzaram os meus 
Com o silêncio de uma pergunta, 
Mas eu não soube responder. 
Talvez ali morasse um amor inteiro, 
Mas a hora passou, 
Como o vento passando por uma janela esquecida. 
 
Tantos nomes eu nunca soube, 
Mas senti suas presenças leves 
Como sombras que quase tocam o chão. 
São amores que existiram 
Apenas no intervalo entre um olhar e outro. 
 
Os amores que não vivi 
Moram no sótão da alma, 
Guardados em caixas sem rosto, 
Mas que ainda exalam perfume 
De um tempo que não foi. 
E mesmo ausentes, doem 
Como a ausência do que poderia ter sido. 
 
Talvez tenhamos passado um pelo outro 
Numa estação qualquer, 
Carregando livros, sonhos e distrações. 
Nos olhamos por um segundo 
— o bastante para não esquecer — 
E seguimos, por caminhos que nunca se tocaram. 
 
Não vivi todos os amores que imaginei, 
Mas cada um deixou um eco, 
Um sussurro de futuro que não se fez passado. 
E por vezes, penso: 
Será que do outro lado alguém também se pergunta 
Sobre o amor que não teve comigo? 
 
 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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