Esse deserto que assola a alma,
Esse esgotamento da vida espiritual,
Essa descrença no futuro da humanidade.
O congelamento na própria juventude,
A tirania da dor
Que dilacera o sentimento
É maior que a tirania da vaidade...
O isolamento radical
Que é melhor do que o burburinho da multidão.
O desprezo dos homens
Os gritos estridentes das mulheres,
O choro das crianças...
A clarividência da doença
A incerteza do porvir,
O colapso da economia...
O conhecimento que só aceita a amargura
Que não ajuda
Que jugula e faz acontecer
Uma náusea nascida da intolerância
Do desrespeito às instituições.
Quem pode sobreviver a esse inferno?
Quem alçará a voz como atalaia
Na torre mais alta
Contra a mediocridade humana?
Quem poderá se livrar das amarras,
Dos grilhões ideológicos,
Da ação alienante das mídias,
Das redes sociais?
Eis que a voz do poeta-filósofo
Ecoa agora de forma insofismável
E tem o desígnio de esmiuçar as pedras...
Não me calarei!
Poema: Odair José, o Poeta Cacerense
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