sábado, 4 de março de 2017

Os miseráveis


Os miseráveis são estes que perambulam 
Pelas ruas da cidade 
Sem esperança no coração 
E nenhuma felicidade. 
Choram pelas madrugadas 
Lágrimas de uma triste solidão 
De sonhos que se foram de repente 
Sem ter nenhuma explicação. 

Os miseráveis são aqueles que estão nos templos 
E adoram uma falsa ilusão de um deus inexistente 
Com falácias superficiais e artimanhas crués 
Enganam as almas de muitos inocentes. 
Lobos devoradores que destroem 
Os sonhos e esperanças de raquíticos seres humanos 
Presos as ideologias contemporâneas 
Que só servem para a degradação da alma. 

Os miseráveis são aqueles que vivem 
Sob o domínio das três teologias que moldam o mundo atual: 
A teologia da auto-ajuda, da prosperidade 
E do empreendedorismo. 
O que se prega e se ensina está baseado nestes pilares 
Acredite em você! 
Você é capaz! 
Ame-se! 
Dane-se os outros! 
Você nasceu para ser cabeça e não cauda. 
E porque quase metade da humanidade está passando fome? 
Desperte o empreendedor que há em você! 

Os miseráveis são estes que acreditam nestas baboseiras 
Falácias e mais falácias 
De um mundo em caos, 
Em perigo de auto destruir-se. 

Não há um lugar onde possa me esconder 
Tudo está tão patente aos nossos olhos 
E eu tenho que me adaptar ao sistema 
Que corrói a minha alma até o fim. 

O que devo fazer 
Se sou um miserável em meio a tantos miseráveis? 

Poema: Odair José, o Poeta Cacerense

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