Não corta todos da mesma forma.
Aos interessados,
Ele oferece cicatrizes que se tornam mapas,
Feridas que se transformam em portas.
Aos outros, apenas o peso da carne que cede,
Ossos que rangem como portas esquecidas.
Amadurecer é pacto com a noite:
É aceitar que cada perda é uma semente,
E que do silêncio nasce o fogo da consciência.
O tempo, então, se converte em alquimista,
Transmutando dor em essência,
Solidão em visão,
Morte em permanência.
Mas aos que não se interessam,
O tempo é só carcaça que se desfaz,
Uma vela consumida sem ter iluminado nada,
Uma existência que se arrasta,
Sem jamais aprender a dançar
Com suas próprias sombras.
Pois o tempo não é justo.
Ele amadurece os que ardem em busca,
E apenas envelhece os que fingem viver.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense