sexta-feira, 19 de dezembro de 2025

O fardo de entender as coisas

 Há uma ironia sutil no avanço: 
Quanto mais evoluímos, 
Mais o passado se torna indecifrável. 
Não por falta de memória, 
Mas porque a mente que recorda 
Já não é a mesma que viveu. 
 
O que chamamos de lembrança 
É apenas o presente tentando compreender 
A linguagem de um eu que não existe mais. 
A degradação do passado não é falha da memória, 
É sinal de que crescemos. 
 
A erosão dos significados antigos 
É o tributo pago por cada passo adiante. 
Somos seres em constante tradução, 
E o passado 
É um idioma que esquecemos aos poucos, 
Não por negligência, mas por evolução. 
 
Talvez o verdadeiro desafio não seja recordar, 
Mas aceitar que não há como retornar 
A algo que já foi desfeito 
Pelo simples fato de termos mudado. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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