quinta-feira, 18 de dezembro de 2025

Ver é um ato de vontade

 Às vezes, o mundo não se mostra como ele é, 
Mas como estamos prontos para enxergá-lo. 
 
O olhar escolhe antes mesmo da luz chegar: 
Há quem veja ameaça onde só existe silêncio, 
Há quem veja promessa mesmo em ruínas. 
 
O que você vê 
É o desejo disfarçado de paisagem. 
É a fome que pinta o pão, 
O medo que alonga as sombras, 
O amor que transforma o comum em milagre. 
 
Os olhos não são janelas, 
São espelhos 
Cansados de refletir verdades inteiras. 
Eles recortam, filtram, inventam. 
Protegem o coração 
Daquilo que ele ainda não suporta. 
 
Por isso, 
Dois olhares nunca dividem o mesmo mundo. 
Cada um carrega sua própria versão do real, 
Feita de lembranças, ausências 
E daquilo que secretamente espera encontrar. 
 
Ver é um ato de vontade. 
E, muitas vezes, 
O que chamamos de realidade 
É apenas o nome bonito que damos 
Ao que precisamos acreditar. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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