Ontem foi um mau sonho que alguém teve por mim.
E eu acordei dentro dele.
As horas se arrastavam como sombras indecisas,
E o ar parecia feito de lembranças que não me pertenciam.
Havia vozes chamando por um nome que não era o meu,
Mas que eu reconhecia como se viesse de um outro tempo,
De um outro eu, esquecido entre duas realidades.
Talvez eu seja apenas o resquício do sonhador,
O reflexo de uma consciência cansada
Que tentou acordar e falhou.
Porque o sonho continuou…
E eu segui nele, vestindo a carne de quem dorme.
Senti o toque frio de algo que não existe,
Vi rostos desfeitos pela própria dúvida,
E compreendi: o pesadelo não pertence a ninguém,
Ele apenas escolhe moradas temporárias.
Ontem, ele habitou em mim.
Hoje, talvez em você.
E amanhã… quem sabe o mundo inteiro
Não passe a sonhar o mesmo sonho escuro?
Poema: Odair José, Poeta Cacerense














