Alguns existem apenas para que a gente se perca
E se descubra perdido.
Há caminhos que se dobram sobre si mesmos,
Como serpentes que devoram o próprio rastro.
Ali, a saída é uma ilusão
Que respira com o tempo.
O pior labirinto é aquele que mora em nós.
Sem muros, sem portas.
Apenas espelhos.
Nem todo labirinto quer nos prender.
Alguns apenas nos convidam
A permanecer no centro
Onde o silêncio é rei e a solidão, altar.
Alguns labirintos
Foram escritos em linhas tortas,
Sem começo, meio ou fim.
São poemas trancados em si mesmos,
Sem leitor, sem resposta.
Quem disse
Que todo caminho precisa levar a algum lugar?
Há trilhas que existem só para nos lembrar
Que o destino não é o ponto final,
Mas o próprio perder-se.
E se a saída for o próprio desistir?
Aceitar que certas dores não se vencem
Se acolhem.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense