quarta-feira, 20 de novembro de 2024

Travessia silenciosa

O que pode nos fazer pensar 
Quando a vida não faz sentido? 
O que é o sofrimento 
Se não soubermos o propósito? 
A vida é uma eterna busca 
Uma viagem ao desconhecido 
Onde não sabemos ao certo 
O que iremos encontrar. 
Alguns acreditam em descanso eterno 
Outros em sofrimento 
E outros em nada mais que o silêncio 
E quem pode nos dizer a verdade? 
Tudo é tão desconfortável 
Quando se vai chegando ao fim dos dias 
Um desconforto é palpável 
Nos olhos turvos da velhice. 
Será que o barqueiro nos espera 
Para a travessia silenciosa? 
Tudo é uma incógnita 
Um grande mistério 
Que não podemos desvendar 
Apenas carregar na imaginação. 

 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

domingo, 17 de novembro de 2024

Nos olhos do poeta

Nos olhos do poeta há um mundo estranho, 
Feito de sonhos e de céu desfeito, 
Onde a vida se pinta em tom mais castanho, 
E o comum se torna raro, perfeito. 

Ele vê o que o vento canta nas praças, 
Nas folhas dançando ao redor dos dias, 
E escuta o silêncio que passa em brasa, 
Entre as cores pálidas das melancolias. 

Seus sonhos são vastos como o mar sem fim, 
Onde nada é chão, e tudo é corrente; 
Anseia por versos que nasçam assim, 
Livres, voando em seu próprio presente. 

Quer transformar as dores em poesia, 
As noites sem lua em promessas de amor; 
Vê no ordinário uma doce magia, 
E nas sombras, traços de um céu de esplendor. 

Por isso, caminha sozinho e inquieto, 
Buscando beleza onde poucos a veem, 
Tecendo em palavras seu rumo discreto, 
E amando o mundo que seus versos têm. 

 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

sábado, 16 de novembro de 2024

A jornada do herói

No espelho da lâmina, o herói vê seu avesso, 
Traz nas mãos as cicatrizes, o ferro e a promessa. 
Olhos firmes, mas cansados, ele avança ao que é incerto, 
Como se cada passo fosse um grito à beira do deserto. 

E o monstro – quem é ele? 
Sombra em carne, voz quebrada, 
Um reflexo distorcido do herói que o enfrenta, 
Ou quem sabe um velho amigo, de alma envenenada? 

Descampado da dor, vazio e vento açoitante, 
O herói tomba, tropeça, se ajoelha, e vai além, 
Entre ecos e palavras soltas, desfeitas, dissonantes, 
Ele colhe seus pedaços no silêncio que não tem. 

A jornada não lhe fala do fim, nem do começo; 
É só um tempo estendido, um mapa manchado, 
Onde às vezes ele acha sentido, às vezes só tropeça 
No vazio entre o fôlego e o chão machucado. 

E o fim? Ah, o fim... 
Será a queda ou o triunfo sem ninguém para assistir? 
Uma chama apagada, um fôlego que se perde, 
Ou o próprio monstro, sem nome, que o espera para sorrir? 

O herói, o monstro, a estrada. 
Nada além do eco em meio ao nada. 
E o final, quem sabe, 
É só o silêncio onde ele se apaga. 

Poema: Odair José, Poeta Cacerense

segunda-feira, 11 de novembro de 2024

Cada minuto

Cada minuto que passa 
Sinto meu coração apertar de saudade. 
Seus olhos meigos 
Que sempre brilham de desejo 
É a causa do meu amor por você. 
Amo-te com um amor profundo 
Que ultrapassa minhas emoções 
E me leva, em pensamento, até onde posso 
Ver o seu sorriso. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

sexta-feira, 8 de novembro de 2024

Solidão em dias comuns

Há um silêncio que pesa no ar, 
Um vazio que ecoa na sala vazia. 
O relógio, com seu tique-taque a lembrar, 
Parece zombar dessa longa monotonia. 
 
A janela emoldura o mesmo cenário, 
O céu cinzento, a rua deserta. 
O tempo se arrasta, num tom ordinário, 
E o dia se desfaz, como poeira incerta. 
 
Os móveis guardam memórias antigas, 
Vozes perdidas em outra estação. 
Mas hoje, tudo é sombra e fadiga, 
Uma dança lenta nessa triste solidão. 
 
Tento buscar em livros, em canções, 
Algo que afaste esse peso no peito, 
Mas o vazio, em suas proporções, 
Preenche o espaço e tudo é desfeito. 
 
Dias comuns são sempre assim, 
Uma angústia que permeia o coração. 
Como se tudo não mostrasse o fim, 
Do amor que estava naquela canção. 
 
 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

terça-feira, 5 de novembro de 2024

Nem tudo pode ser esquecido

 Entenda que nem tudo está perdido 
O dia ruim também passa 
Assim como a tristeza de outrora 
Que você mal lembra o que causou 
Não desista no caminho 
Não permita o desânimo tomar conta 
Porque o tempo não espera 
A alegria não cobra nada quando você sorri 
Apenas a distância pode ser perigosa 
O caos é um chamado 
Para ver o abismo a sua frente 
Se deixar a monotonia ser a força da sua vida 
Tudo pode ser perdido 
Nem tudo pode ser esquecido 
Se você não olhar a sua frente 
O mundo pode ser mais cruel do que você pensa 
E nada poderá salvar-te 
Do profundo pesar de um dia chuvoso 
Quando as águas parecem lágrimas 
De alguém que nunca mais verá o sol. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

sábado, 2 de novembro de 2024

De que lado você está?

Sempre há os que buscam a paz 
Aqueles que desejam a tranquilidade 
De um entardecer 
Ou da brisa na alvorada 
E em seus corações o desejo de uma vida melhor 
O mundo precisa de gente assim 
De sonhos concretos 
De alguém que vá fazer a coisa certa. 

Do outro lado da margem 
Há os que estão descontentes 
Os que só pensam em maldade 
E escondem os seus maus intentos 
Mas concorrem para o derramamento de sangue 
E fazem um dano terrível na sociedade 
Humilham os inocentes 
Pisam na dignidade alheia. 

Há aqueles que exigem o tapete vermelho 
Que querem mandar em tudo 
Que não respeitam o próximo 
Sanguessugas exploradoras 
Que causam um desconforto à sociedade 
Aves de rapinas com ideais tenebrosos e sutis 
Que destroem os sonhos 
E roubam a felicidade dos inocentes. 

Na outra via da estrada 
Estão os que constroem as oportunidades 
Que lutam incansavelmente pelo bem 
E estendem suas mãos cansadas 
Para ajudar aqueles que estão ainda mais cansados 
Porque é assim que deve ser 
E batalham todos os dias pela paz 
Contra as injustiças socias. 

Em qual dos lados você está? 
O que move os seus sonhos? 
Que os nossos objetivos sejam a paz 
O equilíbrio entre os povos 
O respeito mútuo de todas as pessoas do planeta 
E, assim, teremos um mundo mais justo
Onde possa imperar a harmonia 
E a dignidade humana. 

 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

quarta-feira, 30 de outubro de 2024

Doce é imaginar tua boca

Desejo oculto, ardente e contido, 
Em silêncio guardado, sem razão, 
Vibra o peito, o segredo recolhido, 
Num anseio a roubar meu coração. 
 
Que doce é imaginar tua boca, 
Suave, tentadora, ali tão perto, 
E, em sonhos, sentir, ainda que louca, 
A chama a iluminar o céu deserto. 
 
Mas calo este querer, guardo em segredo, 
O gosto da ilusão que me consome; 
Queimar em fogo lento sem enredo, 
 
Num beijo que jamais dirá teu nome. 
Assim, entre os silêncios e o desejo, 
Me perco no mistério deste ensejo. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

sábado, 26 de outubro de 2024

Labirintos oníricos

Parece-me que tem algo estranho ali 
Um deserto nas costas do poeta 
Adolescentes com simbolismo 
E eles traçam o seu imaginário 
Com os olhos eternamente fechados 
Não contemplam o que tem no mundo 
Percorrem os labirintos oníricos 
Que culminam nos jazigos silenciosos. 

Dizem por ai que não são presas fáceis 
Que escondem a verdadeira face 
Dos dementes demoníacos que perambulam 
Nas sarjetas escuras das vielas lúgubres 
De metrópoles abarrotadas de gente 
É onde o garoto descobre a dura verdade 
Que para se viver no deserto 
Terá que se tornar o senhor absoluto. 

Afirmam as más línguas por ai 
Que são herdeiros dos tormentos cotidianos 
Que vão mudar de opiniões em breve 
Quando seus olhares congelarem os momentos 
E ouvirem a eterna zombaria da morte 
Estão pisando tapetes peçonhentos no chão 
Após percorrerem caminhos épicos 
E transpirarem na infinita jornada da vida. 

 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

sexta-feira, 25 de outubro de 2024

Lembra dos tempos passados?

Lembra dos tempos passados? 
De quando o mundo parecia um lugar bom 
De quando você caminhava sem preocupação 
Porque ninguém estava te observando 
E podia-se cantar pelo caminho 
Ver as flores 
Ouvir os pássaros 
E até se assustar com alguma cobra? 
Lá se foram esses anos 
Esse tempo onde a felicidade sorria 
Como uma criança feliz 
Pelos jardins da vida 
Onde se ouvia as belas canções 
Nos finais de tardes 
O por do sol era a mais bela poesia 
De quem estava apaixonado. 
O que fizeram dessa alegria? 
Por que transformaram o mundo dessa forma? 
Por que não temos mais a paz 
Os sonhos de outrora 
Que nos faziam sonhar mais alto? 
Quando foi que saimos do caminho 
Da direção certa para nossas vidas? 
Quem foi que destruiu o mundo assim? 
Fico em silêncio e tento ouvir as vozes 
Tento entender tudo isso que me cerca 
E quero muito viver outra vez 
Os amores que tenho nas lembranças. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

terça-feira, 22 de outubro de 2024

Se meu coração pudesse falar

 Se meu coração pudesse falar 
Revelaria um grande segredo; 
Saberia que só em ti vive a pensar 
E que ao seu lado não existe medo. 
 
Ele gritaria aos quatro cantos do mundo 
O quanto vive contigo a sonhar; 
Do alto da montanha ao abismo profundo 
Anunciava que só deseja te amar. 
 
Se meu coração pudesse falar 
Então saberia a beleza da flor 
E a magnitude da lua a brilhar. 
 
Então deixaria de lado a dor 
Correria para ao meu lado estar 
E viveria para sempre esse amor. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

sábado, 19 de outubro de 2024

O peso imenso das ilusões

Se um tolo sobe a montanha 
Nem mesmo os animais irá ouvi-lo 
O sábio descansa em sua humildade 
Aguardando a sua vez de expressar 
A sabedoria é um bálsamo para a alma 
Quando se saber ouvir atentamente. 

Existe uma violência em estar perdido 
Quando se caminha pelos campos da ilusão 
Nem mesmo as longas conversas fiadas 
São capazes de amenizar o sofrimento 
E, mesmo os dias sendo preenchidos de incompreensão, 
Essa violência acaba sendo ignorada. 

Todos aqueles de palavras erradas 
Querem ser ouvidos como estando certos 
São seres de olhares velhacos 
Que tentam de toda sorte se darem bem 
Aproveitando das distâncias existentes 
Entre os pais e filhos, mestres e discípulos. 

 Alguns ainda estão acorrentados na caverna 
Iluminados pela escuridão da ignorância 
Preferem o comodismo, a zona de conforto, 
O caminho mais fácil de uma vida miserável 
Porque essa escolha os afasta da árdua batalha 
Em busca de uma aventura superior. 

Quando encontrei o livro sagrado pelo caminho 
Fiz-me a pergunta crucial da existência 
Ouvi as vozes milenares de sábios e tolos 
Burburinhos e cochichos não inteligíveis 
Daqueles vultos que viviam nas sombras 
Que nunca puderam responder tais perguntas. 

E assim, na solidão de um deserto escaldante, 
O poeta precisou carregar nas costas 
O peso imenso das ilusões perdidas no tempo 
As inúmeras indagações de cabeças ocas 
E as lamúrias de tolos incomodados com o saber 
Porque os olhos estão fechados para o mundo. 

 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

sexta-feira, 18 de outubro de 2024

Perder-te

 Perder-te foi um vento em mar aberto, 
Que arrasta a alma ao cais da solidão, 
Num eco que ressoa o ser deserto, 
E deixa o peito em dor, sem direção. 
 
Teus passos são lembranças que deslizam, 
Marcando a estrada que não sei seguir, 
Meus sonhos, como folhas, agonizam, 
E o tempo se recusa a não me iludir. 
 
Tão breve foi teu riso em minha vida, 
Tão longa a noite que ficou na escuridão, 
Teu nome é chama em dor renascida. 
 
E assim, em cada dia nessa ilusão, 
Revejo em sombras a amarga ferida, 
Daquilo que perdi, no meu triste coração. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

quarta-feira, 16 de outubro de 2024

Além da conquista

Meus olhos se fecharam para o amor 
E eu não queria mais sonhar 
Só queria esquecer 
Seus olhos meigos a reclamar... 
A dor não incomoda 
Tanto quanto a solidão 
De saber que não está mais aqui 
Perto de mim a estender a mão. 
Além da conquista 
Do meu coração 
Você levou a minha alma 
E a deixou tão vazia 
Que não faz sentido andar sozinho 
Nesta jornada tão longa. 
Seus olhos me faz falta 
A ponto de desejar encontrá-los outra vez 
Mesmo que por um instante 
Apenas. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

segunda-feira, 14 de outubro de 2024

Professor(a) - Homenagem aos mestres!

 I

São mestres de almas, de sonhos, de vida, 
Com mãos que ensinam e corações que guiam, 
No silêncio das salas, o futuro germina, 
Nas palavras que lançam, a esperança se ilumina. 
 
São faróis de luz em mares tempestuosos, 
Pacientes jardineiros de talentos formosos. 
Cada lição, uma ponte erguida, 
Cada olhar atento, uma história contida. 
 
O dom de ensinar é como o de plantar, 
Cultivam ideias, fazem mentes brotar. 
E mesmo nas pedras, no chão árido e infrutífero, 
Veem florescer o saber que é eterno admirar. 
 
II 
 
Na sala pequena, o mundo inteiro cabe, 
Entre livros, palavras, e o saber que não termina. 
Professor(a), és luz que nunca se apaga, 
Farol que guia quando o caminho do saber germina. 
 
Com paciência, ensinas a magia de aprender, 
Mostras horizontes onde antes não havia pensar. 
Em cada lição, uma nova porta se abre, 
E tua voz suave faz o futuro despertar. 
 
Nas folhas em branco, semeias esperança, 
Em cada olhar curioso, plantando a confiança. 
És mais que mestre, és amigo e guardião, 
Do saber, do tempo, do nosso coração. 
 
III 
 
No silêncio da sala, a voz se eleva, 
Guiando mentes, inspirando o saber, 
Em cada palavra, um mundo se revela, 
No olhar atento, a vida a florescer. 
 
Com paciência infinita, ensina a sonhar, 
Desenhar horizontes, plantar ideais, 
Nos erros e acertos, a força a brotar, 
Fazendo crescer seres integrais. 
 
Professor(a), és farol em meio ao caminho, 
Que ilumina a estrada a ser percorrida, 
Com sabedoria, aconchego e carinho, 
Tua missão é moldar toda forma de vida. 
 
 Poema: Odair José, Poeta Cacerense