Dizem que a liberdade é um pássaro,
Mas às vezes ela vem como bomba,
Como fogo que consome a casa inteira
Só para apagar uma tranca na porta.
Às vezes ela veste farda,
Grita ordens entre corpos caídos,
E em seu nome, sangue escorre
Como se a paz nascesse do abismo.
Outras vezes, ela sussurra
Nos corredores da mente partida,
Dança descalça sobre os cacos da razão,
E ri, enquanto o mundo chama de loucura
O simples ato de ser inteiro.
Talvez a guerra e a loucura
Não sejam caminhos para a liberdade,
Mas espelhos estilhaçados do desejo
De viver sem correntes,
De sentir sem algemas,
De ser sem permissão.
E quem caminha por esses extremos
Não busca a glória,
Mas a chave.
Mesmo que ela esteja
No fundo de um sonho febril
Ou no último sopro
De um campo em chamas.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense














