Ela entra devagar, como quem conhece a casa,
Senta no canto da memória
E começa a acender luzes que eu já tinha apagado.
É ela que me faz pensar em você
Quando o dia não pede lembranças,
Quando uma música qualquer atravessa o ar
E, sem permissão, ganha o seu rosto.
Penso em você nos detalhes que ninguém nota:
No cheiro da chuva,
No silêncio entre duas palavras,
Na pausa longa antes de dormir.
A saudade tem esse vício cruel
De transformar o cotidiano em lembrança.
Às vezes, ela dói como ausência;
Outras, aquece como se você ainda estivesse aqui,
Morando num lugar indefinido entre o que foi
E o que jamais deixou de ser.
Pensar em você não é escolha,
É consequência.
A saudade decide por mim,
E eu apenas aceito.
Porque há amores que não se despedem,
Apenas aprendem a existir
Dentro do pensamento.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

Nenhum comentário:
Postar um comentário