sábado, 27 de dezembro de 2025

Viva hoje

 Não há relógio mais severo do que o adiamento. 
Ele não faz barulho, 
Não ameaça — apenas rouba. 
Rouba dias inteiros 
Enquanto prometemos viver “depois”. 
 
Hoje é um corpo aberto, respirando. 
Não pede heroísmo, nem grandes decisões. 
Pede presença. 
Pede que você esteja inteiro onde pisa. 
 
Nada é mais urgente do que viver a própria vida 
Porque tudo o mais é substituível: 
As tarefas se repetem, 
As opiniões mudam, 
As cidades esquecem nossos nomes. 
Mas o dia de hoje, 
Este, não retorna nem para pedir desculpa. 
 
Viver agora é um gesto silencioso de rebeldia. 
É escolher sentir antes de explicar, 
Errar antes de paralisar, 
Amar antes que vire lembrança. 
 
Há quem passe a vida preparando-se para viver, 
Como se a existência fosse um ensaio interminável. 
Mas o palco já está iluminado. 
O público é o tempo. 
E o tempo não aplaude adiamentos. 
 
Viva hoje. 
Não como quem corre sem saber o caminho, 
Mas como quem finalmente sabe onde pisa. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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