Eu fico em meu canto, quieto
Mudo e imóvel
Às vezes pacífico, às vezes perturbado
Outras vezes como se nada sentisse.
Apenas um vazio desumano, sem sentido algum.
Quando não sinto nada, estou a sentir algo?
Minha alma está despida, nua de pensamentos
Sem nada na cabeça
Vazio de sentimentos.
Como se andasse em um carrossel
Dando voltas sem fim
Ou em uma montanha-russa
Nas altas alegrias e nas profundas tristezas.
Metamorfose ambulante
Cercado de incertezas.
Essa inconstância,
Uma instabilidade atormentadora
Que me tira o sono nas noites silenciosas.
Ouço uma música relaxante
E mesmo assim o sono teima em não chegar
Deixando meus olhos com as marcas
Dessa insônia terrível.
Sinto-me pequeno diante desse monstro
Que perturba minha paz.
O que fazer dessa vida efêmera
Que passa tão veloz?
Quando penso que estou indo
Já é hora de voltar
Sem nada na mão e no coração.
Tristemente percebo
Que ainda nem escrevi
A epígrafe da minha vida.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense
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