quinta-feira, 27 de junho de 2019

A Lenda da Prostituta Rose Morena


Chegou a primavera e o rio Paraguai estava vazio 
Foi quando ela chegou na Princesinha do Rio Paraguai 
Usava uma blusa cinza
Short curto a revelar as pernas sensuais. 
Não usava joias, nem anéis 
Apenas deixava os cabelos soltos. 
Nem ligou muito para o olhar de desaprovação 
Do homem com a bíblia nas mãos; 
Nem para o desdém da mulher de vestido longo. 
Na lanchonete pediu um risole e um suco natural 
O garçom pediu-lhe o número do Whatsapp 
Para arrumar-lhe clientes, caso precisasse. 
Na sua timidez parecia ser de pedra seu coração. 
Os dias passaram e ela dançava 
No Khurral, Ponto G e Curú 
E todos a olhavam com olhares de desejo. 
A vida era uma festa 
Isso é o que pensavam dela. 
Estava sempre feliz 
Seu sorriso encantador 
Seduzia mais que seu belo corpo 
Esculpido pelo Criador. 
Ninguém sabia 
Mas, às vezes ela chorava pelas madrugadas 
Até o dia em que ficou doente. 
Em seu coração havia uma saudade 
Saudades de um amor 
Que há muito se fora. 
Usava um vestido preto colado ao corpo 
E escondeu às lágrimas. 
Na praia do Daveron, 
Final de tarde, nadou sozinha. 
Parecia querer lavar a alma 
E ninguém notou suas lágrimas. 
A primavera se foi 
E ela também. 
Alguns dizem que ela foi para o inferno 
Mas, que não foi aceita por lá. 
Sua alma tão bondosa 
Merecia o paraíso. 
E ela vaga silenciosamente pelo espaço 
Às vezes, o vento que sopra, 
Às margens do rio Paraguai 
Traz o seu perfume delicioso. 
Houve um tempo em que eu era puro 
Ela via que eu era mau 
E, mesmo assim, ela me amou. 

Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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