terça-feira, 23 de julho de 2019

Catarse


Liberto-me do que me é estranho. 
Por que sofrer com isso? 
O que pode me perturbar? 
Quero conservar em mim 
O que há de melhor 
E, por isso, descarto o pior. 
Rejeito tudo que dilacera minh’alma. 
Se a purgação é necessária 
Eis-me aqui pronto a galgar 
Os umbrais do mais temido purgatório. 
Sacrifícios, 
Absolvições, 
Purificações... 
Jogos aprazíveis para vivos e mortos. 
Purifico-me dos ardis 
De palavras tolas e sem sentidos. 
Liberto-me dos prazeres 
Da alma e do corpo. 
Rasgo o coração 
Faço-o sangrar até o fim. 
A morte? 
Eis que jaz a espreita 
Mas, não me assusta. 
Não agora! 
A alma cheia de desejos 
Os vermes a corroer o corpo 
E os olhos impuros. 
Como arrancá-los? 
Como andar na escuridão? 
A alma se recolhe 
Tudo se tornou impassível 
E choro tristemente no meu silêncio. 
A purgação é necessária 
Porque preciso encontrar a paz 
Que só na poesia posso desfrutar 
Discretamente e silenciosamente. 
A tragédia é o caos, a solidão a rotina, 
De uma vida que se vai 
Na madrugada muda e gélida. 
Esse terror não pode terminar 
E os distúrbios embaçam minha visão. 
As emoções estão abaladas 
E impressionam minha alma. 
Não há piedade, apenas o medo. 
Preciso de serenidade 
Equilíbrio nas emoções 
E a pacificação que essa catarse 
Pode me harmonizar. 

Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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