sexta-feira, 6 de maio de 2016

A Solidão e o Cativeiro



Não existe o amor ao próximo 
Que não seja interesse 
Dos olhos saem à falsa esperança 
De que haverá dias melhores. 
Sanguessugas a sugar até a última gota de sangue 
De almas desoladas na escuridão. 
Querem que acredite no amor 
E rasgam-me a alma na primeira esquina 
Tirando de mim a esperança de sorrir. 
A solidão é passageira 
E haverá um novo dia 
É o que me dizem querendo que acredite 
Na utopia. 
Existe um cativeiro a prender-me 
Na lúgubre escuridão do tempo. 
Tento soltar-me e não consigo 
E olhos ficam a espreitar-me 
Como agulhas sanguinolentas. 
Soltem as amarras da hipocrisia 
De homens que desejam alcançar o cume da montanha. 
Não espere meu grito 
Pois, em silencio devo permanecer. 
Esse falso amor que me cerca 
Pede-me que acredite nas falácias que ouço diariamente. 
Esse amor é tão egoísta 
Que não se pode afirmar que seja amor 
Não dá forma que sempre acreditei. 
Com o passar dos dias 
Meus passos são trôpegos e indecisos 
Pois, a realidade é mais tenebrosa do que o sonho. 
A solidão é fera e ruge dentro de mim 
O cativeiro é horripilante e frio. 
Gotas odoríficas pingam incessantemente 
E surrupiam minha mente 
A ponto de me deixar louco. 
Minhas unhas já não existem 
Ficaram presas nas frestas da prisão 
Quando tentei me libertar. 
Tento ver a luz no fim do túnel 
Ela vagarosamente se dissipa 
E eu não sei se é à noite chegando com seus temores 
Ou minha visão que já está indo embora 
Sem dar-me outra chance. 
Então me sento à beira do poço 
E fecho os olhos. 

Poema: Odair José, o Poeta Cacerense

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