Não existe o amor ao próximo
Que não seja interesse
Dos olhos saem à falsa esperança
De que haverá dias melhores.
Sanguessugas a sugar até a última gota de sangue
De almas desoladas na escuridão.
Querem que acredite no amor
E rasgam-me a alma na primeira esquina
Tirando de mim a esperança de sorrir.
A solidão é passageira
E haverá um novo dia
É o que me dizem querendo que acredite
Na utopia.
Existe um cativeiro a prender-me
Na lúgubre escuridão do tempo.
Tento soltar-me e não consigo
E olhos ficam a espreitar-me
Como agulhas sanguinolentas.
Soltem as amarras da hipocrisia
De homens que desejam alcançar o cume da montanha.
Não espere meu grito
Pois, em silencio devo permanecer.
Esse falso amor que me cerca
Pede-me que acredite nas falácias que ouço diariamente.
Esse amor é tão egoísta
Que não se pode afirmar que seja amor
Não dá forma que sempre acreditei.
Com o passar dos dias
Meus passos são trôpegos e indecisos
Pois, a realidade é mais tenebrosa do que o sonho.
A solidão é fera e ruge dentro de mim
O cativeiro é horripilante e frio.
Gotas odoríficas pingam incessantemente
E surrupiam minha mente
A ponto de me deixar louco.
Minhas unhas já não existem
Ficaram presas nas frestas da prisão
Quando tentei me libertar.
Tento ver a luz no fim do túnel
Ela vagarosamente se dissipa
E eu não sei se é à noite chegando com seus temores
Ou minha visão que já está indo embora
Sem dar-me outra chance.
Então me sento à beira do poço
E fecho os olhos.
Poema: Odair José, o Poeta Cacerense
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